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Onda especulativa domina Wall Street e mercados globais

O espírito animal corre solto em Wall Street, mas a análise dos números mostra que o mercado altista deste ano está ainda mais eufórico do que parece.

Bloomberg 26 de Dezembro de 2020 às 10:00

As ações globais agora valem cerca de 100 biliões de dólares. Empresas dos Estados Unidos levantaram um recorde de 175 mil milhões de dólares em ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) de ações. Cerca de 3 biliões de dólares em títulos de dívida de empresas são negociados com taxas de juro negativas.

Enquanto o coronavírus se propaga, o ciclo económico ainda respira com a ajuda de aparelhos, e empresas são afetadas por novas restrições de mobilidade.

Animados por infinitos estímulos monetários e apostas num mundo pós-pandemia, traders novatos e investidores institucionais veteranos aproveitam as condições financeiras mais amigáveis da história.

"Indicadores de sentimento caminham em direção à euforia", disse Cedric Ozazman, diretor de investimentos da Reyl & Cie, em Genebra. "As pessoas agora investem devido ao receio de perder o rally do Pai Natal."

Onda de IPO

Nada evoca um pico do mercado acionista como a corrida às bolsas. Estreias como as ofertas públicas iniciais da Snowflake e do Airbnb elevaram o volume de IPO deste ano para um recorde de 175 mil milhões de dólares nos Estados Unidos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Veículos de aquisição para fins especiais que levantam recursos para que companhias de "cheque em branco" comprem o que quiser captaram mais de 60 mil milhões de dólares em 2020.

O apetite dos investidores parece ser insaciável. O retorno do primeiro dia de negociação para IPO foi, em média, de 40% neste ano, o maior já visto com exceção de 1999 e 2000, de acordo com uma estimativa.

Rally das bolsas

Operadores da plataforma Robinhood tornaram-se o assunto de Wall Street neste ano, pois compraram de tudo, desde opções de tecnologia a ações de companhias aéreas. Com esses investidores de retalho a quererem aproveitar o rally das ações ao lado de investidores institucionais, o S&P 500 é negociado com um múltiplo de vendas cerca de 16% acima do pico de 2000.

Está tudo a subir. A carteira do Goldman Sachs de ações com mais posições vendidas no índice Russell 3000 subiu cerca de 40% neste trimestre, o triplo do indicador mais amplo. Ações com beta alto estão perto do maior nível em relação aos títulos de baixa volatilidade desde 2011.

Mercados emergentes

Naturalmente são tempos de expansão para países de mercados emergentes, cujas vendas de títulos em dólares e em euros em 2020 superaram 730 mil milhões de dólares, mais do que em qualquer ano anterior.

 

Mesmo com a turbulência política, o Peru vendeu títulos com uma maturidade de 100 anos com o menor rendimento de todos os tempos de um governo de economia em desenvolvimento. A Costa do Marfim emitiu dívida denominada em euros com rendimento mais baixo do que no ano passado, apesar da sua participação numa iniciativa do G-20 para alívio da dívida e um programa em andamento com o Fundo Monetário Internacional.

Disparo da Bitcoin

Para os obstinados, a alta de mais de 200% da Bitcoin neste ano devido à onda de dinheiro novo mostra que chegou a hora da criptomoedas. Para muitos em Wall Street, é apenas o mais novo sinal de exuberância irracional.

Analistas da Yardeni Research, como Ed Yardeni, dizem que veem a Bitcoin e outras criptomoedas como "tulipas digitais. Não temos como avaliá-las. "Observamos a ação do preço da bitcoin como um indicador dos excessos especulativos", escreveram num relatório.

A volatilidade da bitcoin é uma pílula difícil de engolir para a maioria, mas empresas como JPMorgan Chase e Nomura têm notado muito interesse, como de family offices e fundos quantitativos.

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