Chris Purves está na vanguarda dos mercados há mais de uma década: da negociação através de algoritmos ao "machine learning".

Agora, o responsável pelo Laboratório de Desenvolvimento Estratégico do UBS está focado nos sobreviventes humanos da invasão tecnológica, tentando convencê-los de que as coisas nunca mais serão iguais. Os traders terão que - utilizando um jargão de Silicon Valley - "desaprender" como sempre operaram.

Não é só o facto de o software poder saber qual vai ser o seu próximo passo. A extinção de todo um modo de vida está iminente, segundo a previsão de Purves: o fim da cultura dos bónus. A remuneração será a última fronteira do ataque tecnológico ao setor de finanças.

Purves está a transportar os traders para os sistemas eletrónicos, já que a era dos "players" lendários em busca do salário de 100 milhões de dólares é coisa do passado. O que está pela frente é o aumento da burocracia, uma evolução que torna a avaliação dos indivíduos menos importante - e com isso a necessidade de recompensá-los como esperavam.

"Queremos contratar pessoas menos motivadas por bónus, lucros e perdas e mais pelo objetivo de longo prazo de como será o mercado daqui a 10 anos", disse Purves, que trabalha em Londres. "A ideia de que é responsável pelo seu próprio destino já era. Agora é trabalho de equipa."

As ações neste sentido estão a aumentar. Programadores já receberam licenças para negociar ações no JPMorgan Chase e esta categoria profissional está no foco das maiores contratações da divisão de trading do Goldman Sachs. O Citigroup planeia contratar 2,5 mil programadores este ano.

A competição por talentos com empresas como Google e Facebook não provocou um aumento dos bónus nos bancos. E, embora as habilidades tecnológicas ainda estejam com forte procura, tal nem sempre se traduz numa remuneração maior. A maior parte dos salários dos operadores deve permanecer estável ou diminuir, de acordo com análise feita pela empresa de recrutamento Options Group.