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Nova diretora financeira do Morgan Stanley estreia-se em dia de resultados

Na apresentação de resultados do segundo trimestre, uma nova voz soou ao leme da área financeira, em dia de estreia na comunicação a Wall Street: Sharon Yeshaya.

15 de Julho de 2021 às 14:29
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Aos 41 anos, Sharon Yeshaya estreia-se no cargo de diretora financeira (CFO) do banco de investimento Morgan Stanley - logo em dia de resultados. Fresca no novo cargo, com a promoção anunciada no mês de maio, o mandato arranca com resultados positivos.


Com o lucro do banco no segundo trimestre a subir 10% em termos homólogos, para 3,51 mil milhões de dólares, e receitas de 14,76 mil milhões, a estreia foi feita num contexto auspicioso. O Morgan Stanley indicou que a subida dos lucros terá sido impulsionada por um aumento das comissões de negócios e consultoria a clientes.


Os resultados excederam as estimativas dos analistas, que antecipavam receitas na ordem dos 13,97 mil milhões de dólares. O Morgan Stanley seguiu, aliás, a tendência de resultados acima das expectativas dos principais bancos norte-americanos. Até agora, só o Bank of America ficou aquém das estimativas dos analistas. 


À Bloomberg, naquela que é a primeira entrevista que concede desde que foi nomeada para CFO (anteriormente era responsável pelas relações com investidores), Sharon Yeshaya recorda o percurso até à liderança da área financeira. A agora CFO chegou ao banco de investimento em 2001, entre dois acontecimentos que criaram um turbilhão nos EUA: após o rebentar da bolha das "dot-com" e, poucos meses depois de entrar na empresa, a tragédia do 11 de setembro assolava Nova Iorque. 


Antes de aterrar no Morgan Stanley, Sharon Yeshaya estudou em duas instituições de ensino de renome nos Estados Unidos. "Primeiro fui para Penn e depois transferi-me para Wharton", conta à agência Bloomberg, referindo-se à conhecida escola norte-americana dedicada à área empresarial. Yeshaya apostou numa formação académica dupla. "Fiz uma formação dupla entre economia, que eu achava que era a teoria, e finanças, que achava que era a implementação prática. Tinha a ambição de fazer alguma coisa um dia na área de políticas públicas", explica. 


"Para quem andou em Penn ou em Wharton, o passo seguinte mais óbvio é o de passar para um banco de investimento", conta à Bloomberg. Na altura, o Morgan Stanley tinha um "grupo de tecnologia de M&A [fusões e aquisições] e fiz isso no verão de 2000, um bocado durante o boom das 'dot-com'". A executiva aponta que recebeu uma oferta para integrar o banco a tempo inteiro, já em 2001.


"Era um local desafiante para trabalhar. Estava a começar e o 11 de setembro aconteceu pouco depois. Era uma altura difícil tanto para estar em Nova Iorque como para se estar na área da tecnologia". Começavam os desafios e as dúvidas para a executiva, que há 20 anos chegou mesmo a pensar abandonar o banco de investimento. "Estava numa encruzilhada após os dois primeiros anos e cheguei a questionar se queria abandonar o Morgan Stanley".


Isso acabaria por não acontecer, muito porque Yeshaya focou atenções na área da investigação. "Tomei a decisão, com aconselhamento interno de um responsável da área de economia [dentro do grupo] para ponderar primeiro a área de investigação no Morgan Stanley". A executiva refere que se vivia na altura um período onde havia grandes nomes de estrategas dedicados à área de macroeconomia e economia. 


Mas esta não seria a única transformação na carreira. Pouco tempo depois, tornava-se "trader". "Tinha de tomar uma decisão que era ‘vou sair, tento um Ph.D e sigo o sonho de trabalhar na área de criação de políticas e investigação académica; ou seria melhor tentar perceber as competências táticas associadas à área de vendas e ambiente de ‘trading’?"


À Bloomberg, recorda que existiam poucas mulheres dentro do banco que fossem adeptas de arriscar. "A ideia na altura era a de que as mulheres não podiam correr riscos ou não aguentavam fazê-lo. O que falha aqui é a ideia de perceber que realmente o trabalho é gerir o risco."


Alguns anos depois, em 2015, quando o Morgan Stanley teve de reduzir a força de trabalho em 25%, a executiva recorda os tempos agitados dentro do banco - principalmente quando liderava uma área onde o Morgan Stanley não era líder. Numa reunião às cinco da tarde com o CEO do banco, a primeira vez em que subiu além dos 40.º andar nas instalações do Morgan Stanley, menciona que estava assustada. Aos 34 anos, "não fazia ideia do que poderia ser a próxima fase da vida" caso tivesse de sair do banco. 


Yeshaya acabou por ficar na instituição financeira e continuou a escalar posições dentro da empresa - até chegar a trabalhar diretamente com o CEO, James Gorman. Ao longo dos últimos anos, a profissional já era reconhecida como um dos escalões mais altos do banco. Seis anos depois da entrevista das cinco da tarde, onde estava nervosa "e com as mãos a abanar", chegou o convite para CFO, numa conversa já mais agradável. 


Gorman "perguntou diretamente, não assim tão antes do anúncio sair, se estava interessada em ser CFO da firma". "Ele estava jovial, foi agradável e foi bastante elogioso. Não esperava que essa fosse a conversa que iríamos ter. Não achava que esse era o próximo passo, não". 

Quando o Morgan Stanley anunciou mudanças nos cargos, incluindo a de Sharon Yeshaya, a CFO que sucedeu a Jonathan Pruzan foi a única mulher promovida. A reorganização passou pela promoção de quatro homens caucasianos, levantando questões sobre a falta de diversidade no banco, especialmente em cargos de topo. 

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