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"Não é tapering". Lagarde garante que desaceleração da compra de dívida é só "recalibrar"

BCE anunciou em março que iria aumentar "significativamente" o ritmo de compra de dívida, numa estratégia que agora inverteu. A inflação e a retoma da economia estão a criar pressão para uma retirada dos estímulos, mas a presidente garante que não é ainda o caso.

Lagarde deu esta quinta-feira conta da decisão de revisão das orientações para a política futura do BCE.
Sanziana Perju/Epa
09 de Setembro de 2021 às 13:59
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A compra de dívida da Zona Euro pelo Banco Central Europeu (BCE) vai desacelerar nos próximos meses, mas a presidente Christine Lagarde garante que não é ainda "tapering". Em sentido contrário, usou a palavra-chave do banco central, dizendo que a decisão tomada esta quinta-feira pelo Conselho de Governadores trata-se de um "recalibrar" do programa.

"Não há tapering", respondeu Christine Lagarde quando questionada sobre se a desaceleração da compra de dívida pelo BCE já corresponderia a esse processo de redução dos estímulos monetários conhecido como tapering. As palavras replicam as de Margaret Thatcher, que, num famoso discurso em 1980, respondeu às críticas às suas políticas económicas com a frase: "não há volta atrás".

Tal como Thatcher então, também Lagarde agora enfrenta pressões para reduzir os estímulos. O mercado antecipava que esta quinta-feira o BCE anunciasse alguma alteração na estratégia, nomeadamente uma redução da compra de dívida. A autoridade monetária não o fez, mas decidiu usar o dinheiro do envelope para combater a pandemia de forma "moderadamente mais lenta" do que nos últimos meses.

"Com base numa avaliação conjunta das condições de financiamento e do outlook de inflação, o Conselho de Governadores considera que as condições favoráveis de financiamento podem ser mantidas com um ritmo moderadamente mais lento das compras líquidas do PEPP [Programa de Compras de Emergência Pandémica] do que nos últimos dois trimestres", anunciou o Conselho de Governadores, em comunicado, após o encontro desta manhã.

A decisão representa uma inversão face ao que Lagarde tinha feito em março. Na altura, anunciou que iria aumentar "significativamente" o ritmo do Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP). E agora, inverteu esse caminho, numa decisão que Lagarde viria a classificar como um "recalibrar" do programa.

Este envelope tem uma dotação total de 1,85 biliões de euros a serem usados até final de março de 2022 ou até que o BCE considere que o período de crise do coronavírus terminou. Além disso, as aquisições líquidas ao abrigo do programa que já decorria antes do coronavírus (o APP) irão prosseguir a um ritmo mensal de 20 mil milhões de euros.

As taxas de juro continuarão em mínimos históricos e não deverão mudar tão cedo. A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão inalteradas em 0,00%, 0,25% e −0,50%, respetivamente.


(Notícia atualizada às 15:00 horas)

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