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Mário Centeno afasta subida das taxas de juro em 75 pontos pelo BCE

Numa reunião em Vílnius, na Lituânia, o governador do Banco de Portugal, assumiu que uma subida das taxas de juro dessa dimensão poderia ser um fator de destabilização.

O supervisor liderado por Mário Centeno avisa que pode tomar medidas adicionais caso a recomendação não seja cumprida pelos bancos.
Sérgio Lemos
29 de Setembro de 2022 às 09:24
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O governador do Banco de Portugal não apoia uma subida das taxas de juro em 75 pontos, na reunião de outubro do Banco Central Europeu (BCE). Mário Centeno coloca-se assim na ala "dovish" da instituição, temendo que um aperto dessa dimensão pudesse trazer mais instabilidade para os mercados.

Quando questionado se estava na altura de discutir esse "aperto quantitativo", o responsável português indicou que "neste momento, antecipar outros debates pode, na minha opinião, ter um efeito desestabilizador que realmente precisamos de evitar", afirmou - citado pela Reuters - em Vílnius, na Lituânia, onde se encontra para um encontro de governadores.

Já à Bloomberg, Mário Centeno alertou que o aumento excessivo das taxas de juros para conter a inflação corre o risco de enfraquecer a economia, numa altura em que se vive o risco de uma recessão, devido também ao agravamento da crise energética. O governador do Banco de Portugal pediu assim "medidas e equilibradas" que possam ser uma "fonte de estabilidade". 

"Há uma coisa que me preocupa sempre em tomadas de decisão, que é não ser empurrado para trás no caminho que temos que seguir",indicou. "Se formos para frente e para trás, isso enviará sinais confusos aos mercados, aos agentes, aos nossos cidadãos – isso é mau", concluiu.

Mário Centeno é, assim, um voz discordante do sentimento que domina o Banco Central Europeu, com vários governadores a defenderem uma subida de 75 pontos base no encontro do próximo mês. Esta quinta-feira, os responsáveis da Lituânia e da Estónia colocaram-se a favor de um aumento das taxas de juro nesse valor, fazendo coro com os governadores da Eslováquia, Áustria e Finlândia.

Ainda assim, apesar de defender uma subida não tão acentuada, o responsável português não vai ter direito de voto na próxima reunião do BCE, tal como já não teve no encontro anterior - no qual a autoridade monetária decidiu pela subida histórica dos juros em 75 pontos base, - devido ao sistema de rotatividade dos direitos de voto no Conselho do BCE.


Última atualização às 13:00
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