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Kodak: À procura de um novo foco

O advento da fotografia digital quase fechou a empresa, que agora procura reinventar-se

19 de Julho de 2011 às 07:00
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No mundo da gestão foi dado um duplo sentido à expressão "momento Kodak". A tirada publicitária da empresa que vendia máquinas e rolos fotográficos desde 1888, passou a ser usada para descrever o momento em que uma empresa perde a oportunidade de acompanhar uma mudança de paradigma da sua indústria.

Foi isso que aconteceu com a Eastman Kodak no virar do século. O grupo que definiu os padrões da indústria fotográfica amadora durante mais de 100 anos deixou-se ultrapassar pelo advento do digital. A cotada perdeu quota de mercado na venda de máquinas fotográficas e a o mercado de rolos fotográficos quase desapareceu, com os consumidores a abandonarem as velhas técnicas fotográficas.

O pico de vendas da Kodak aconteceu em 1991, quando obteve receitas de 19,4 mil milhões de dólares. Em 2010 vendeu menos 63%. A empresa teve prejuízos em cinco dos últimos seis anos.

Os operadores do mercado de derivados atribuem uma elevada probabilidade de a Kodak se torne insolvente, segundo uma notícia publicada pela Bloomberg há duas semanas. No dia 1 de Julho as obrigações da cotada com maturidade em 2013 negociavam a uma taxa de juro de 11,7%.

A elevada taxa de juro contrasta com a ampla liquidez de que tem dado conta aos investidores. No final do primeiro trimestre a Kodak tinha 1,3 mil milhões de dólares em dinheiro e equivalentes em balanço. Além disso, a empresa espera receber o pagamento de mil milhões de dólares numa acusação de violação de patente pela Apple e a RIM. "Um resultado favorável dá-lhes alguma liquidez e compra-lhes algum tempo", disse o analista sénior da Moody's, Richard Lane, citado pela Bloomberg. Já um resultado "desfavorável coloca maior pressão na melhoria do seu negócio e maior enfoque sobre o risco da sua posição de liquidez", acrescentou o analista, que tem uma perspectiva "negativa" para as acções.
Acções perderam 42% no espaço de um ano
Os títulos afundaram-se em Janeiro, quando um tribunal decidiu contra
os interesses da Eastman Kodak
num caso de patentes que pode render mil milhões de dólares.
Os títulos negoceiam nos 2,76 dólares, menos 40% do que há um ano atrás. Mas a desvalorização
é ainda mais assombrosa quando
se tem em conta o preço das acções há 10 anos: 45 dólares.

Para sobreviver, a Kodak está a procurar adaptar-se.

"A [actual] reestruturação é, na realidade, uma reinvenção. A Kodak tem vindo a aplicar os seus conhecimentos na área dos processos de impressão para recrear um negócio baseado em consumíveis - tinta e papel" de impressora, explicou o analista da Rafferty Capital Markets, Mark Kaufman, ao Negócios.

É por isso que muitos acreditam que esta pode ser a oportunidade certa de comprar acções da Eastman Kodak, tirando partido da reestruturação, caso ela seja bem sucedida. A Forbes questionava recentemente se faria sentido adoptar uma das técnica de investimento preferidas de Warren Buffett : "ser audacioso quando os outros estão receosos" e aproveitar oportunidades de compra de acções de empresas subavaliadas.

Mark Kaufman, que atribui um preço-alvo de 9,5 dólares aos títulos, sublinha que "a Kodak tem mais de mil milhões de dólares em dinheiro". Isso "é suficiente para chegar ao final do ano. No pior cenário possível, a cotada chegará ao fim do ano com o mesmo valor", sintetizou o responsável quando questionado sobre como espera ver a Kodak a sair da actual crise.

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