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Inflação e juros podem "inverter o ritmo de ganhos no mercado acionista", avisa a CMVM
O supervisor considera que a normalização da política monetária, as pressões inflacionistas, o "phasing out" de apoios públicos a famílias e empresas e o fim das moratórias serão desafios "particularmente relevantes" em 2022.
"O eventual aumento da taxa de inflação e das taxas de juro poderá inverter o ritmo de ganhos no mercado acionista", refere o documento. "Essas correções de preços poderão ser exacerbadas devido à excessiva alavancagem de alguns investidores, que poderão ser forçados à alienação de posições".
Já o homólogo britânico avançou com um aumento ainda no final do ano passado. Na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) não deverá tirar os juros dos atuais mínimos históricos este ano (e possivelmente nem no próximo), mas já está a recuar na compra de dívida, tendo deixado chegar ao fim o programa desenhado para a pandemia.
No grupo dos riscos de mercado, a inflação e as taxas de juro são, assim, a principal preocupação do supervisor dos mercados português. "Subidas das taxas de juro mais rápidas do que o esperado e o surgimento de novas variantes com maior severidade de doença associada induzirão potencialmente maior volatilidade nos mercados financeiros", aponta.
"No contexto macroeconómico e financeiro, a expectável normalização da política monetária, as pressões inflacionistas, o phasing out de apoios públicos a famílias e empresas e o fim das moratórias serão desafios particularmente relevantes em 2022, uma vez que poderá assistir-se à deterioração da situação financeira das famílias e Estados e ao avolumar de insolvências em alguns setores de atividade", diz o relatório.
Nos potenciais riscos para 2022 decorrentes da digitalização, destaca os ciberataques, cibercrime e fraude, e ainda riscos decorrentes da prática de intermediação financeira não autorizada, da oferta de instrumentos a investidores com poucos conhecimentos financeiros e da disseminação de informação inexata.
"Outro risco reside no rápido crescimento de ativos alternativos e digitais (como os criptoativos) que se encontram, maioritariamente, fora do quadro regulamentar", refere a CMVM, apontando ainda riscos ESG (ambientais, sociais e de governo de sociedades). Neste campo, alerta particularmente para o impacto que a inação poderá ter em tornar irreversíveis a materialização de riscos.