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Índia pode proibir negociação dos futuros de alimentos
A Índia poderá ter de suspender a negociação de mais contratos de futuros sobre alimentos, uma vez que estão a aumentar as pressões políticas para que se tomem medidas de controlo da inflação, afirmou o ministro das Finanças do país, Palaniappan Chidambar
A Índia poderá ter de suspender a negociação de mais contratos de futuros sobre alimentos, uma vez que estão a aumentar as pressões políticas para que se tomem medidas de controlo da inflação, afirmou o ministro das Finanças do país, Palaniappan Chidambaram.
"Estejam certas ou erradas, muitas pessoas consideram que os futuros de ‘commodities’ estão a contribuir para o aumento dos preços dos alimentos, pela via da especulação, e numa democracia é preciso atender a essas preocupações", disse Chidambaram em entrevista à Bloomberg TV.
"A pressão vai no sentido de suspendermos mais alguns produtos alimentares da negociação no mercado de futuros", afirmou aquele responsável, sem especificar quais serão os produtos.
Os aliados comunistas do primeiro-ministro Manmohan Singh querem banir a negociação de futuros sobre o óleo de cozinha, o açúcar e outras matérias-primas, dizendo que os especuladores estão a fazer subir os preços desses produtos e a estimular a inflação.
A Índia junta-se assim à China e ao Vietname na tentativa de resolução da crise alimentar global, que provocou tumultos nos Camarões e Costa do Marfim, greves na Argentina e campanhas anti-acumulação de alimentos no Paquistão e nas Filipinas.
"O impacto nos preços de uma restrição sobre os contratos de futuros não durará mais de uma semana", afirmou, por seu lado, o membro de um painel governamental indiano que está a analisar o impacto das transacções de futuros sobre os bens alimentares de base. "Aquilo que o governo tem de fazer é tomar medidas para impulsionar a oferta", comentou à Bloomberg.
O painel nomeado pelo governo, e liderado pelo economista Abhijit Sen, sugeriu que se mantenha a proibição – já em vigor – da negociação sobre futuros do arroz e trigo. Por enquanto, não recomendou que se estenda esta proibição a outras "commodities", referindo que não há provas conclusivas que indiquem que a negociação de futuros contribuiu para os aumentos de preços.
O governo indiano suspendeu a transacção dos contratos de futuros sobre o trigo e o arroz no ano passado e sobre as lentilhas em 2006, de forma a controlar um aumento dos preços domésticos daqueles produtos.
A inflação na Índia cresceu para 7,57% na semana terminada a 19 de Abril, o ritmo mais acelerado em mais de três anos. O ministro das Finanças indiano sublinhou que o país pode ter que viver com "o actual nível de inflação por mais algumas semanas".