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Fundo para vítimas de Madoff ainda só pagou ao seu administrador

Uma empresa contratada pelo governo americano para distribuir quatro mil milhões de dólares às vítimas do esquema piramidal de Bernard Madoff facturou 38,8 milhões em quatro anos. Já os investidores lesados não receberam sequer a primeira parcela.

27 de Maio de 2017 às 14:00
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O Departamento de Justiça dos EUA revelou pagamentos feitos a Richard Breeden, administrador do Fundo de Vítimas de Madoff, após a Bloomberg News avançar com um pedido ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação. Os honorários em dinheiro pagos a Breeden saem do fundo e cobrem o trabalho dele até 2016.

 

Assim, oito anos e meio após a prisão de Bernard Madoff (na foto), os investidores ainda lutam para recuperar dinheiro de um fundo que foi anunciado com tremendo alarde. As vítimas recuperaram milhares de milhões de dólares de outro fundo, mas ainda não foram totalmente compensadas.

 

"É muito frustrante estarem a ganhar connosco desta forma, usando dinheiro que foi recuperado para as vítimas", disse Daphne Brogdon, apresentadora do canal Food Network, cuja família perdeu cerca de cinco milhões de dólares com o esquema de Madoff. "Eles estão a ficar com a percentagem que poderíamos receber".

 

As perguntas da Bloomberg não tiveram resposta após solicitações nesse sentido a um representante da firma de Breeden, a RCB Fund Services. Uma porta-voz do Departamento de Justiça, Dawn Dearden, recusou-se a comentar os honorários de Breeden ou o processo jurídico, mas orientou os jornalistas no sentido de procurarem a seguinte informação deixada por Breeden no website do fundo: "esperamos que a distribuição inicial ocorra algures em 2017 e será mais elevada do que aquilo que prevíamos originalmente", escreveu Breeden, que já foi presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).

 

Milhares de milhões de Picower

 

O fundo de compensação foi criado em Dezembro de 2012 para devolver dinheiro a milhares de vítimas de Madoff. O governo americano confiscou 2,4 mil milhões de dólares do espólio de um dos seus maiores investidores, o falecido Jeffrey Picower. Em 2014, o fundo aumentou em 1,7 mil milhões de dólares após um acordo de apreensão com o banco de Madoff, o JPMorgan Chase, acusado de fazer "vista grossa" ao esquema.

 

Breeden, 67 anos, afirmou em Fevereiro de 2016 que 40.000 vítimas receberiam a indemnização inicial no fim daquele ano. Não receberam. Uma actualização publicada no website em Janeiro passado citou o processo jurídico demorado e documentação inadequada por parte de algumas vítimas.

 

O Departamento de Justiça é "notoriamente lento" nas decisões sobre activos apreendidos, disse Jon Barooshian, advogado especializado em defesa de crimes de colarinho branco da sociedade de advogados Bowditch & Dewey, em Boston.

 

"Estou surpreso que demore tanto, mas não sei se a culpa é de Richard Breeden. Talvez seja mais uma questão interna do Departamento de Justiça", declarou Barooshian, que não está envolvido no caso Madoff.

 

Breeden fará recomendações à Divisão de Lavagem de Dinheiro e Recuperação de Activos do Departamento de Justiça sobre quais os pedidos de indemnização que devem ou não ser atendidos. A sua firma já recebeu os honorários de 38,8 milhões de dólares, segundo o Departamento de Justiça.

 

Madoff, 79 anos, declarou-se culpado de fraude em 2009 e está a cumprir uma pena de 150 anos de prisão. No total, as suas vítimas perderam 17,5 mil milhões de dólares de investimento inicial, embora o saldo total das suas contas somasse 64 mil milhões, incluindo lucros supostamente gerados em operações fraudulentas.

 

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