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Dívida pública portuguesa entre as mais penalizadas na Europa
As obrigações negociavam em queda e entre as mais penalizadas encontrava-se a dívida pública portuguesa, cuja «yield» aumentava em 4 pontos base, depois da S&P ter baixado a notação da República, o primeiro «downgrade» na região depois da Zona Euro ter fa
As obrigações negociavam em queda e entre as mais penalizadas encontrava-se a dívida pública portuguesa, cuja «yield» aumentava em 4 pontos base, depois da S&P ter baixado a notação da República, o primeiro «downgrade» na região depois da Zona Euro ter falhado nas negociações para o Quadro Comunitário de Apoio.
A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) reviu ontem em baixa a classificação de dívida de longo prazo da República Portuguesa de «AA» para «AA-». Portugal ficou assim com uma qualidade de dívida idêntica à da Itália e, na Zona Euro, apenas superior à da Grécia. A dimensão do défice apurado foi determinante para o corte do «rating».
A notícia saiu ontem já após o fecho da negociação da dívida pública em Portugal.
Hoje, e em reacção ao «downgrade» feito pela agência de notação, a dívida pública portuguesa a 10 anos negociava em queda, elevando a «yield» em 4 pontos base para os 3,136%. A «yield» anda em sentido inverso ao preço das obrigações.
Fontes do mercado de dívida pública contactadas ontem pelo Jornal de Negócios afirmavam que o «spread» de taxas de juro a suportar nas novas emissões a realizar pelo Estado português poderia vir a registar um acréscimo de 4 pontos base na sequência da decisão da S&P, tal como aconteceu recentemente com a Itália e com a Grécia.
No resto da Europa, a tendência no mercado da dívida era também de queda, embora menos pronunciada, perante o alívio dos preços do petróleo. A escalada da matéria-prima tende a aumentar o nível geral dos preços e a inflação tende a reduzir o valor fixo dos pagamentos das obrigações.
Nesta altura, a dívida pública alemã com maturidade a 10 anos, o «benchmark» para o mercado europeu, também negociava em queda e a «yield» subia em três pontos base para o 3,132%.
Ontem, e pela primeira vez desde 1973, altura em que o Bundesbank começou a fazer o registo das taxas, a «yield» alemã tocou num mínimo histórico de 3,101%.
Jonh Stopford, estratega de produtos de renda fixa da Investec Asset Management, em declarações à agência Reuters, disse que a maior parte dos gestores de fundos está mais preocupada com a dívida da Alemanha e da França, mas avançou que o «downgrade» [feito a Portugal], «poderá vir, mais tarde, a criar oportunidades de compra».
«Se os "spread" alargarem-se o suficiente, podemos dar alguma atenção aos países mais periféricos. É uma questão de ponderar o binómio risco / retorno», disse a mesma fonte.