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Conheça as empresas do PSI-20 mais beneficiadas e prejudicadas com as próximas eleições
Uma vitória do PS poderia dar boas perspetivas à banca, no PSI-20. Se for o PSD a assumir a liderança do Governo, o retalho poderá sorrir. O BE e a CDU podem dar força às renováveis e CDS pode ser um bom partido para a Corticeira Amorim, segundo a corretora XTB.
A nova sondagem da Intercampus para o Negócios e Correio da Manhã – realizada na primeira semana deste mês – dá uma vitória clara ao Partido Socialista (PS), mas sem maioria absoluta. Se este cenário se confirmar, uma das empresas do PSI-20 que mais poderá beneficiar é o BCP, de acordo com um estudo da XTB que analisou o imapcto das eleições nas cotadas portuguesas.
No entanto, caso as últimas sondagens falhem redondamente, e o vencedor das eleições legislativas seja o Partido Social Democrata (PSD), a Sonae e a Jerónimo Martins podem ser as maiores beneficiárias, devido à aposta de Rui Rio no aumento do poder de compra.
Se o Bloco de Esquerda (BE), de Catarina Martins, for a bengala que António Costa precisa para chegar à maioria governamental no parlamento – ou, num caso mais improvável segundo as sondagens – for mesmo o vencedor das eleições, as empresas que poderão ganhar mais fôlego podem ser a EDP Renováveis e a REN. O mesmo se aplica à Coligação Democrática Unitária - do Partido Comunista Português e do Partido Ecologista "Os Verdes" - que dará prioridade às energias amigas do ambiente.
Caso Assunção Cristas cumpra o seu desejo de ser primeira-ministra, ou se conseguir uma coligação que lhe permita governar, a Corticeira Amorim poderá ser beneficiada, dada a aposta do CDS na agricultura.
Num cenário mais agressivo, o mesmo estudo alerta para um possível bloqueio institucional – caso nenhum dos blocos consiga uma maioria suficiente para investir num candidato - que a acontecer seria muito penalizador para as empresas do PSI-20 e criar um clima de instabilidade política idêntico ao ocorrido em Itália.
Conheça quais as empresas da bolsa nacionais mais beneficiados e mais prejudicados, através dos programas eleitorais dos partidos, segundo a corretora XTB:
Um PS amigo da banca. Concorrência pode tramar renováveis
A introdução das "Green Bonds" – obrigações que se destinam ao financiamento de projetos com uma consciencialização ambiental – pode ser um instrumento amigo do setor bancário em Portugal, representado no índice PSI-20 pelo BCP.
Depois das "Panda Bonds", agora o Governo olha para outras formas de se financiar nos mercados, num contexto de uma dívida pública muito elevada. Uma dessas soluções pode passar pelo recurso às obrigações verdes.
Esta tem sido uma forma que muitos países, como os EUA, França, Suécia, China ou Alemanha, têm usado para financiar projetos que visem uma eficiência energética. Agora poderá ser Portugal.
"A introdução de ‘Green Bonds’ e a implementação de um enquadramento fiscal que induza a criação de produtos financeiros verdes são fatores que podem ajudar o stor bancário a beneficiar da tendência de consciencialização ambiental em curso", segundo Carla Maia, trader da XTB.
Em sentido oposto, devido a um programa eleitoral que "enfatiza o foco na transição energética em Portugal, favorecendo a entrada de concorrentes neste mercado", o PS pode deixar na mão empresas como a EDP Renováveis e a Altri, devido ao aumento significativo de concorrência, segundo o estudo da corretora, a que o Negócios teve acesso.
PSD pode dar gás ao retalho, mas travar petróleo e indústria transformadora
Uma das propostas do Partido Social Democrata é aumentar, até ao final do próximo mandato, o salário mínimo nacional para acima dos 700 euros, quer para o privado, como para o público. Mais dinheiro no bolso ao fim do mês, significa maior poder de compra. Isso poderá ser uma boa notícia para as retalhistas Jerónimo Martins e Sonae que podem assim ver as suas vendas crescer e compensar o aumento de gastos com os trabalhadores, diz a XTB.
O combate às alterações climáticas é também uma bandeira que Rui Rio tem feito notar na sua pré-campanha eleitoral. Para tal, uma das medidas será a promoção de energias renováveis e a rígida regulamentação do uso de combustíveis fósseis. "Portanto, podemos esperar que petrolíferas e empresas de recursos primários sofram um certo abalo aquando da implementação destas medidas (Galp, Navigator, Semapa e Altri)", acrescentou.
Bloco de Esquerda e CDU alinhados na Energia. PAN junta-se ao grupo
A transição energética é também um dos motes dos partidos à esquerda do PS. O Parlamento Europeu estabeleceu uma meta de 32,5% de eficiência energética até 2030 para os seus Estados-Membros. Portugal foi mais ambicioso e a coligação onde BE e CDU se juntam ao PS estabeleceu um objetivo de 35%.
Posto isto, empresas como a EDP Renováveis podem ter muito a ganhar caso o Bloco volte a apoiar o próximo Governo. A REN também pode sair beneficiada dado o objetivo do BE na luta pela "eliminação dos transportes movidos a combustíveis e passar a depender exclusivamente de transportes elétricos".
Pelo contrário, "a exploração petrolífera é das principais causas que afetam o meio ambiente, note-se que os partidos continuam a lutar contra o fecho das centrais a carvão e todos os setores que incidem sobre as fontes fósseis", algo que poderia prejudicar as operações da Galp no país, adiantou a trader.
A par da petrolífera portuguesa, as papeleiras Navigator e Altri seriam as mais castigadas por estes partidos.
Cristas quer reerguer agricultura, mas pode prejudicar energéticas
Se o CDS fizer parte do próximo governo, e se cumprir com o que tem proclamado neste período que antecede a campanha eleitoral, o setor agrícola será um dos beneficiados.
"Uma das primeiras medidas apresentadas pelo CDS foi (...) um corte no IRC para empresas que invistam no interior no país, podendo assim a agricultura sair bastante premiada com esta medida, pois é o setor que mais prevalece quando olhamos para o interior do nosso país", pode ler-se no estudo divulgado.
Assim sendo, António Rios de Amorim poderá esfregar as mãos e ver os seus lucros aumentarem devido à redução de impostos de que a Corticeira Amorim poderia ser alvo.
E é no corte de impostos, desta feita indiretos, que o CDS poderia prejudicar um outro setor: o energético.
"Com o corte nos impostos indiretos que o CDS pretende efetuar um dos setores que poderá sofrer mais com isso é o energético, muito devido à elevada carga fiscal a que está sujeito neste momento. Se houver uma redução nos impostos sobre a energia as empresas ligadas ao ramo poderão ver as suas receitas caírem", acrescentou.