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Confiança levou os amigos a investirem nos fundos geridos por Madoff

Steven Spielberg, Kevin Bacon, Zsa Zsa Gabor são algumas das vítimas do esquema fraudulento de Madoff, que até os amigos apanhou na teia.

30 de Junho de 2009 às 00:01
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Steven Spielberg, Kevin Bacon, Zsa Zsa Gabor são algumas das vítimas do esquema fraudulento de Madoff, que até os amigos apanhou na teia.

Sociopata com sentimentos profundos de ódio contra si mesmo, narcisista psicopata, uma patologia profunda, jogador compulsivo, personalidade múltipla ou simplesmente perdeu o controlo? Procura-se saber o porquê. Mas não se consegue. Bernard Madoff é autor da maior fraude financeira de todos os tempos, para a qual arrastou clientes, mas também amigos e fundações de solidariedade social. O sorriso confiante e reconfortante enganou. A mulher Ruth Madoff também se diz enganada, embora poucos acreditem. O que é certo é que ela não foi considerada cúmplice neste processo. Ontem, no final do julgamento, declarou, num comunicado escrito: "O homem que cometeu esta fraude horrenda não é o mesmo homem que conheci durante todos estes anos".

A Ruth Madoff foi retirada boa parte dos bens que o marido colocou em seu nome, mas mantém o apartamento avaliado em sete milhões de dólares em Nova Iorque. Os filhos, que também trabalhavam na firma de Madoff, terão ajudado a produzir a acusação contra o pai. Até ao momento, apenas o auditor de Madoff, David G. Friehling, foi acusado de cúmplice nesta fraude.

As vítimas é que não perdoam e escreveram ao juiz, que presidiu ao julgamento, Denny Chin, a pedir uma condenação sem piedade. Ao soar da sentença, a sala encheu-se de aplausos.

Muitas das vítimas dizem ter perdido o dinheiro da sua reforma, o que as obrigará agora a voltar ao trabalho. Desapareceu um total de 65 mil milhões de dólares. A lista de vítimas, disponível em vários "sites", é interminável e engrossa todos os meses. Varreu todos os campos - bancos, investidores individuais, fundos de fundos, fundos de pensões, fundações de solidariedade, escolas e universidades.

O seu amigo Carl Shapiro foi o que, em termos individuais, teve a maior perda. Aos 95 anos descobre que foi defraudado pelo amigo a quem tinha emprestado, em Dezembro, 250 milhões de dólares. É a Carl Shapiro que se atribui o primeiro negócio de Madoff de gestão de fortunas. Peter Sander, autor do livro "Madoff: A História da Maior Fraude Financeira de Sempre", garante que Shapiro "era como um pai para Madoff". E atribui-lhe a citação: "É como uma faca no coração", depois da descoberta do esquema piramidal.

Nos investidores particulares encontram-se muitos famosos: Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg (administrador da Dreamworks), Eric Roth (argumentista, por exemplo, de Forest Gump), o casal Kevin Bacon e Kyra Sedgwick, a actriz Zsa Zsa Gabor, o escritor Elie Wiesel, o apresentador Larry King , etc. etc. A comunidade judaica foi das principais vítimas. Madoff movia-se à vontade nestes círculos. "Fazia parte do tecido da comunidade, tanto em Nova Iorque, como em Palm Beach e tinha uma reputação sólida entre os judeus de outras regiões, incluindo do estrangeiro", diz Peter Sander, que conclui: "A bomba de Madoff deixou uma grande cratera no mundo da filantropia judaica".

Na banca já se conhecia a perda do Santander, mas Harry Markopolos acredita que as extensões do negócio de Madoff à Europa são grandes. No seu depoimento, explicou que em 2002 veio ao Velho Continente, onde concluiu que "muitas famílias reais na Europa estavam a investir em Madoff". Nenhuma está na lista de vítimas.

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