A compra de acções da Lusomundo antes do lançamento da OPA pela PT Multimédia foi feita por uma sociedade, a Hubells Consultants, controlada por João Martins, na altura presidente do CaixaBI, disse a testemunha da CMVM ouvida ontem na segunda audiência do julgamento que começou na semana passada.

José Pedro Martins, que coordenou a investigação do regulador em relação a este caso, explicou que o dinheiro utilizado para pagar as acções adquiridas "fez um percurso muito complexo" tendo passado de uma conta pessoal de João Martins e da mulher, para uma conta pessoal em Gibraltar, aberta dia 30 de Março (a OPA foi a 3 de Abril) tendo depois passado para uma conta da Hubbels em Gibraltar, novamente para uma conta da Hubbels em Lisboa e só depois para o Barclays que foi a entidade que deu a ordem de compra das acções.

Entretanto, nesse período terão sido trocados cheques entre João Martins e Luciano Patrão, na altura administrador da PTM e que terá estado envolvido nas negociações que antecederam a OPA à Lusomundo.

A CMVM diz que "a actuação de João Martins indiciava acesso a alguma informação privilegiada" tendo havido uma "clara intenção de concentrar naquele período as transacções feitas" e foram trocados cheques "com uma pessoa que de certeza tinha acesso a essa informação".

Luciano Patrão, João Martins e a mulher deste são acusados de "insider trading" na compra de acções da Lusomundo entre 28 e 31 de Março. No dia seguinte ao lançamento da OPA os títulos valorizaram cerca de 20% e os arguidos venderam as acções adquiridas com uma mais-valia de quase 350 mil euros.