Notícia
Buffett: "A única coisa que arruinaria a minha vida seria esperarem mais do que posso dar"
Numa longa entrevista ao Financial Times, o histórico investidor fala sobre sorte, expectativas e a capacidade de encontrar valor num mercado sobreaquecido.
25 de Abril de 2019 às 12:52
"Não posso comprar tempo, não posso comprar amor, mas posso fazer tudo o resto com dinheiro, basicamente. Porque é que acordo todos os dias e salto da cama e estou entusiasmado aos 88 anos? É porque adoro o que faço e adoro as pessoas com quem estou a fazê-lo". A declaração é feita por Warren Buffett, naquilo que poderia ser um resumo da própria vida. A poucos dias do encontro anual dos acionistas da Berkshire Hathaway, que este ano decorre a 4 de maio, o histórico investidor aceitou ser entrevistado pelo Financial Times. Ao longo de quase três horas, fala sobre sorte, expectativas e a capacidade de encontrar valor num mercado sobreaquecido.
Warren Buffett está à frente da Berkshire Hathaway há mais de cinco décadas e, desde então, este conglomerado de empresas passou a gerir mais ações do que as que são transacionadas no S&P 500, índice acionista de referência em Wall Street. Na última década, contudo, Warren Buffett tem perdido terreno e o dinheiro investido há dez anos na Berkshire vale hoje menos do que aquele que foi investido num fundo no S&P 500, mas o "oráculo de Omaha" demonstra pouca preocupação com este desempenho.
Como escreve o Financial Times, a chave é a gestão de expectativas, tal como fez, por exemplo, no final da década de 1990, quando a Berkshire foi impactada pelo boom no setor tecnológico. Nessa altura, Buffett endereçou uma carta aos investidores onde antecipava que a valorização do grupo ultrapassasse "ligeiramente" a do S&P 500 ao longo da década seguinte. "Não podemos garantir isso, claro. Mas estamos dispostos a suportar a nossa convicção com o nosso próprio dinheiro", escreveu então.
Esta postura de não prometer demasiado mantém-se, duas décadas depois. "A única coisa que arruinaria a minha vida seria as pessoas esperarem mais do que eu posso dar. Isso pode acontecer se eu der pouco ou se criar expectativas demasiado grandes. Qualquer uma destas faria a minha vida miserável", diz ao jornal britânico.
A verdade é que, na década que se seguiu àquele ano de 1999, as ações da Berkshire valorizaram quase 80%, enquanto as do S&P500 caíram.
Hoje, a concorrência no tipo de ativos que Buffett prefere é cada vez maior e a Berkshire atravessa o período mais longo de desempenho aquém dos concorrentes, mas o terceiro homem mais rico do mundo defende a segurança dos seus investimentos. "Se quiserem juntar-se a algo que tem uma pequena expectativa de melhor desempenho do que o S&P, acredito que somos os mais seguros". E a segurança, se houver "sorte", pode traduzir-se em retornos mais elevados.
Sobre aquilo que continua a movê-lo após mais de 50 anos à frente do mesmo grupo, Buffett não tem dúvidas. "Tenho férias todos os dias. Se houvesse qualquer outro sítio onde quisesse estar, ia para lá. Este é o palácio do prazer - estão sentados nele agora. Divirto-me mais do que qualquer pessoa de 88 anos em todo o mundo".
Aos 88 anos, Buffett usa aparelhos auditivos, deixou de conduzir à noite e diz que almoça "nuggets" de frango do McDonald's pelo menos três vezes por semana, para além de ingerir um terço das suas calorias sob a forma de Coca Cola. Como conta o Financial Times, respondeu às perguntas durante quase três horas sem beber um copo de água.
E garante: "A ideia da minha morte não me incomoda".
O multimilionário falou ainda sobre a sua sucessão, outro tema que diz não lhe causar preocupação. "Só temos 1.645.000 lugares na nossa igreja", diz, numa referência às ações onde estão concentrados os direitos de voto. "Se temos as pessoas certas nesses lugares, em sintonia connosco, porque é que haveríamos de procurar outras pessoas? Tentamos fazer tudo para que a nossa congregação seja a congregação certa e vamos continuar a fazê-lo".
Warren Buffett está à frente da Berkshire Hathaway há mais de cinco décadas e, desde então, este conglomerado de empresas passou a gerir mais ações do que as que são transacionadas no S&P 500, índice acionista de referência em Wall Street. Na última década, contudo, Warren Buffett tem perdido terreno e o dinheiro investido há dez anos na Berkshire vale hoje menos do que aquele que foi investido num fundo no S&P 500, mas o "oráculo de Omaha" demonstra pouca preocupação com este desempenho.
Esta postura de não prometer demasiado mantém-se, duas décadas depois. "A única coisa que arruinaria a minha vida seria as pessoas esperarem mais do que eu posso dar. Isso pode acontecer se eu der pouco ou se criar expectativas demasiado grandes. Qualquer uma destas faria a minha vida miserável", diz ao jornal britânico.
A verdade é que, na década que se seguiu àquele ano de 1999, as ações da Berkshire valorizaram quase 80%, enquanto as do S&P500 caíram.
Hoje, a concorrência no tipo de ativos que Buffett prefere é cada vez maior e a Berkshire atravessa o período mais longo de desempenho aquém dos concorrentes, mas o terceiro homem mais rico do mundo defende a segurança dos seus investimentos. "Se quiserem juntar-se a algo que tem uma pequena expectativa de melhor desempenho do que o S&P, acredito que somos os mais seguros". E a segurança, se houver "sorte", pode traduzir-se em retornos mais elevados.
Sobre aquilo que continua a movê-lo após mais de 50 anos à frente do mesmo grupo, Buffett não tem dúvidas. "Tenho férias todos os dias. Se houvesse qualquer outro sítio onde quisesse estar, ia para lá. Este é o palácio do prazer - estão sentados nele agora. Divirto-me mais do que qualquer pessoa de 88 anos em todo o mundo".
Aos 88 anos, Buffett usa aparelhos auditivos, deixou de conduzir à noite e diz que almoça "nuggets" de frango do McDonald's pelo menos três vezes por semana, para além de ingerir um terço das suas calorias sob a forma de Coca Cola. Como conta o Financial Times, respondeu às perguntas durante quase três horas sem beber um copo de água.
E garante: "A ideia da minha morte não me incomoda".
O multimilionário falou ainda sobre a sua sucessão, outro tema que diz não lhe causar preocupação. "Só temos 1.645.000 lugares na nossa igreja", diz, numa referência às ações onde estão concentrados os direitos de voto. "Se temos as pessoas certas nesses lugares, em sintonia connosco, porque é que haveríamos de procurar outras pessoas? Tentamos fazer tudo para que a nossa congregação seja a congregação certa e vamos continuar a fazê-lo".