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BCP sobrevive a "maio castigador" e sobe a máximo de nove meses

O Banco Comercial Português segue a somar quase 2% na sessão, que o levam a máximos de nove meses. Os resultados financeiros da instituição e a inversão do mau momento do setor na Europa podem explicar a recente valorização, dizem os analistas.

11 de Junho de 2019 às 15:33
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O BCP atingiu máximos de quase nove meses no mercado acionista, numa altura de recuperação do setor a nível europeu que sucede à apresentação de resultados positivos do banco português, os quais surpreenderam os investidores. 

Os títulos do banco liderado por Miguel Maya atingiram esta terça-feira, 11 de junho, um máximo de 28 de setembro de 2018 na sequência de uma subida de 1,78% para os 26,25 cêntimos. As ações seguem a valorizar na ordem dos 1,60%, contando a terceira sessão consecutiva no verde e respeitando a tendência verificada no setor a nível europeu. Já na última sessão o BCP fechou com uma valorização de 1,82%.


"Desde que apresentou os resultados trimestrais, o BCP tem-se destacado da evolução do setor a nível europeu", observa Pedro Lino, CEO da Dif Broker, que vê o balanço dos primeiros três meses do ano como um "catalisador para o regresso dos investidores". Os resultados líquidos do BCP aumentaram 80% para 153,8 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, anunciou o banco. Os lucros ficaram acima do esperado pelos analistas, que apontavam para resultados líquidos de 108,7 milhões de euros, de acordo com as projeções de três bancos de investimento, que oscilavam entre 98 e 114 milhões de euros.

Desta forma, o banco está a "superar as expectativas" e o analista da Dif Brokers acredita que os títulos deverão "continuar a subir de forma sustentada". 

Os resultados do banco beneficiam de dois fatores que são alvo de destaque da parte dos analistas consultados pelo Negócios: a consolidação da atividade na Polónia e o cumprimento do plano estratégico, nomeadamente no que toca ao crédito malparado. De acordo com João Queiroz, responsável de trading eletrónico no Banco Carregosa, o "crescimento lento mas sustentado" desta economia, associado a um aumento do poder de compra, dá força ao BCP. Já a contínua redução de imparidades, uma "limpeza" que prevê que se repita próximos trimestres, é importante também na medida em que não são criadas provisões que cortem a fatia de lucros.

Esta terça-feira é também dia de o BCP distribuir os dividendos pelos acionistas, uma partilha que não acontecia desde 2010. Para João Queiroz, apesar de o dividendo apresentar um "valor não muito expressivo" este é "um sinal importante" que o banco deixa aos investidores. Nove anos depois, o Banco Comercial Português paga 0,2 cêntimos por cada ação detida, uma remuneração que representa uma rentabilidade pouco acima de 1%. No total o BCP vai entregar 30,2 milhões de euros aos seus quase 160 mil acionistas.  


Europa no sobe-e-desce e BCP nas alturas

Lino sublinha ainda que maio foi um mês "bastante negativo" para o setor bancário no Velho Continente – contabilizando uma perda de 11,58%-, enquanto o BCP conseguiu fechar o período no verde, com ganhos cumulativos de 0,76%. As trajetórias opostas foram diluídas nas últimas três sessões, nas quais tanto o banco português como os pares europeus se alinharam em terreno positivo. Depois do maio "castigador", Queiroz prevê uma "forte correção", da qual acredita que o BCP já estará a beneficiar.

Esta mudança de sentimento a nível europeu estará relacionada com a posição dos bancos centrais, tanto aquele que lidera no Velho Continente como o americano. No rescaldo da reunião do Banco Central Europeu foi avançada a possibilidade de redução dos juros, uma medida que pode prejudicar os bancos do ponto de vista do produto bancário mas é adjuvante pelo caráter impulsionador da economia e também no que toca à valorização das carteiras de obrigações, explica o analista do Banco Carregosa. Já a Fed, disse na última terça-feira, que tudo será feito para apoiar a economia norte-americana, o que foi lido também como havendo margem para baixar os juros.

Por fim, a descida a mínimos históricos do Deutsche Bank, tal como as dificuldades impostas pelo Brexit à banca britânica, podem estar a beneficiar outros bancos - como o BCP - que apostem na via digital, acrescenta Queiroz.


Um rol de avaliações

Desde o início do mês, várias casas de investimento se pronunciaram acerca da cotada. As mais recentes reiteram as posições anteriores, com a Mediobanca a manter o preço-alvo de 27 cêntimos e a recomendação "neutral", numa nota de dia 10 de junho, e o BBVA a reafirmar o preço-alvo de 26 cêntimos e a recomendação de "market perform", a 6 de junho.

Contudo, no mesmo dia em que o BBVA lançou esta última nota, o a Alphavalue reviu em alta o preço-alvo para o banco, melhorando de 33 cêntimos para 34 cêntimos. A recomendação de "compra" ficou inalterada. A maior oscilação foi avançada pelo Caixabank BPI, que elevou o preço-alvo de 28 para 34 cêntimos no passado dia 3 de junho "para refletir o progresso realizado pelo banco ao nível da redução do malparado", embora a recomendação se mantenha "neutral".

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