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BCE recomenda aos bancos que aumentem comissões
Num contexto de baixas taxas de juro, os bancos europeus continuam a ter dificuldades em melhorar a sua rentabilidade.
O Banco Central Europeu (BCE) recomenda aos bancos europeus que aumentem as comissões cobradas aos clientes, revela o Expansión. O Mecanismo Único de Supervisão (MUS) está preocupado com a falta de rentabilidade das instituições, no actual contexto de taxas de juro negativas, até porque se prevê que a actual política monetária se venha a manter nos próximos anos.
De acordo com a mesma fonte, esta mensagem foi passada pela vice-presidente da instituição, Sabine Lautenschläger, aos altos responsáveis e especialistas do sector bancário que estiverem reunidos à porta fechada num encontro realizado recentemente, em Madrid. Os responsáveis europeus não têm boas perspectivas para a evolução da margem financeira dos bancos, defendendo que devem ser encontradas fonte de receita alternativas às tradicionais.
Uma questão que se coloca sobretudo porque a concessão de financiamento não tem evoluído da forma esperada por estes responsáveis, já que as novas operações não são suficientes para compensar o elevado nível de amortizações, o que faz com que o "stock" de crédito continue a diminuir em muitos países europeus.
O problema é maior nos países onde há maior dependência da margem financeira. Segundo o Expansión, nos bancos portugueses, a margem financeira representa 55% das suas receitas totais, praticamente em linha com a média europeia (56%). No caso dos bancos espanhóis, a dependência é maior (67%) e chega aos 73% na Holanda. Os bancos franceses e italianos são os menos dependentes, já que a margem financeira contribui para 47% das receitas.
O aumento das comissões já tem sido uma realidade em Portugal. Tal como o Negócios avançou recentemente, a anuidade dos cartões de débito, por exemplo, aumentou em 64% nos últimos dois anos. Além disso, são cada vez menos os bancos que isentam as comissões de manutenção de conta aos clientes que domiciliam o ordenado.
Em Espanha, a AEB, associação de bancos, afirmou recentemente que o fim da política de comissões zero não será fácil, mas acredita que, na próxima década, a cobrança dos serviços financeiros prestados será generalizada.