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Criptomoedas: Burla em pirâmide da Omegapro lesou 156 portugueses
Com um investimento mínimo que começava nos 100 euros, a empresa tinha um ranking de categorias que davam acesso a prémios e eventos da Omegapro. Quanto aos prémios, estes podiam ser monetários, electrodomésticos, computadores, telemóveis ou viagens.
"O maior esquema de fraude em pirâmide de sempre". É desta forma que o advogado Lars Olofsson descreve a burla em pirâmide com criptomoedas da Omegapro de 55 países diferentes. O sueco representa cerca de 2.500 lesados, dos quais 156 são portugueses. "Não digo isto pelo número de lesados, nem pelo valor que será de vários milhões de euros — a média de investimento dos meus clientes rondou os 120 mil euros — mas pela sofisticação com que foi feito", afirmou em declarações ao Público.
O negócio prometia uma rentabilidade até 300% em 16 meses e terá lesado mais de três milhões de pessoas. Sobre os alegados fundadores da OmegaPro - Andreas Szakacs, Dilawar e Mike Sims - o advogado diz que "já tinham participado noutros negócios duvidosos". "Apostaram em captar como clientes pessoas que têm pouca literacia financeira, que não são muito ricas, criando todo um marketing à volta do negócio que envolveu a contratação como embaixadores da marca estrelas do futebol e do cinema, e fazer convenções com gurus de liderança e de gestão em hotéis de luxo", refere Olofsson.
Desde que surgiu no mercado, em 2019, até ao seu desaparecimento em julho 2023, a OmegaPro apresentava-se como uma empresa de investimento e marketing baseada em produtos financeiros. Tinha sede em Londres e no Dubai e negociava em Foreign Exchange Market (Forex), um tipo de mercado de câmbio cujo objectivo é lucrar com as flutuações nos valores das moedas, apostando na valorização ou desvalorização de uma moeda em relação a outra. Aos investidores cabia transferir o dinheiro para a OmegaPro em criptomoedas.
Com um investimento mínimo que começava nos 100 euros, a empresa tinha um ranking de categorias que davam acesso a prémios e a eventos da Omegapro. Quanto aos prémios, estes podiam ser monetários, electrodomésticos, computadores, telemóveis ou viagens.
O ranking era composto pelas seguintes categorias: "Associado" (entre 366 euros e os 550 euros); "Construtor" (entre os 5500 e os 8300 euros); "Prata" (entre os 14.600 e 22 mil euros); "Ouro" (entre os 27.500 e os 50 mil euros); e "Platina" (entre os 55 mil euros e os 83 mil). Acima disso estavam as categorias Diamante, Diamante Azul, Coroa de Diamante, Coroa de Diamante Real e Coroa de Diamante Presidencial. Para aceder a esta última categoria o investimento mínimo era de cerca de 17 milhões de euros.
A empresa organizava eventos de grande escala - provas de rally, convenções, torneios de futebol - nos quais participaram mais de 20 estrelas do futebol, ex-jogadores como Luís Figo, Ronaldinho, Casillas, Materazzi, assim como vários actores de Hollywood e Bollywood, como Steven Seagal e Suniel Shetty, e gurus do marketing e coachs motivacionais, como Eric Worre e Les Brown.