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MC Corretagem aposta na fusão entre EDP e Portugal Telecom

Segundo uma análise realizada pela MC – Corretagem pode estar para breve uma fusão entre os dois gigantes da nossa praça, a «eléctrica» de Mário Cristina de Sousa e a Portugal Telecom, presidida por Murteira Nabo.

27 de Setembro de 1999 às 19:50
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Segundo uma análise realizada pela MC – Corretagem pode estar para breve uma fusão entre os dois gigantes da nossa praça, a «eléctrica» de Mário Cristina de Sousa e a Portugal Telecom, presidida por Murteira Nabo. Tal evento a suceder seria bem recebido tanto a nível económico, permitindo a inserção desta «nova» companhia no Euro Stoxx 50, como a nível político, onde uma operação com esta envergadura permitiria ao Governo ganhar um capital de confiança junto dos meios financeiros assim como junto dos eleitores.

Este «research» de Setembro deste ano revela que a dimensão da EDP neste momento é demasiado grande para o mercado nacional, mas também pequena para integrar o Euro Stoxx 50. Sendo assim alternativas «têm de ser encontradas» por forma a cimentar o seu crescimento explicam os analistas. Como tal, segundo a MC os possíveis parceiros para uma eventual fusão são a espanhola Iberdrola, a futura Galp SGPS e a Portugal Telecom. Contudo, de todos estes cenários no final a MC chega a conclusão que uma parceria com a companhia liderada por Murteira Nabo será a solução óptima. De acordo com a MC, as vantagens desta fusão podem ser explicadas em três pontos. Em primeiro lugar se a fusão avançasse a EDP poderia vender a empresas estrangeiras, como a France Telecom ou a British Telecom, a E3G, a Edinet e a sua participação na Optimus. Desta forma os elevados investimentos que têm de ser realizados pela E3G seriam evitados e libertariam capital para financiar as suas actividades no estrangeiro. Até este momento a EDP já investiu no negócio das telecomunicações cerca de 80 milhões de euros (16 milhões de contos), mas mais 150 milhões de euros (30 milhões de contos) serão necessários até ao ano 2000.

Como segunda vantagem os analistas da MC destacam o facto da PT já possuir a TV Cabo, e como tal a EDP ficará em melhores condições para explorar as suas actividades de TV por cabo no Brasil. Aliás a mesma conclusão aplica-se ao negócio da Internet. A MC refere mesmo que a vantagem de juntar estas duas companhias é óbvia pois aproveita-se a capacidade tecnológica e comercial da PT e a expansão da EDP.

A última vantagem desta fusão prende-se com o facto de que desta forma é previsível que a nova empresa entre no índice Euro Stoxx 50, o que beneficiará o preço das acções assim como a sua liquidez. Aos preços correntes a capitalização bolsista das duas empresas seria de 17,5 mil milhões de euros (3,5 mil milhões de contos), mas os mesmos analistas estimam que esse valor ascenda aos 20 mil milhões (4 mil milhões de contos), num curto espaço de tempo, o que a colocaria o novo gigante português no Euro Stoxx 50.

Este e outros factores estão na base da recomendação de «strong outperform» que a MC atribui ao papel da EDP, apontando para um «price target» de 30,8 euros (6.174 escudos). Este preço alvo definido a doze meses prevê um potencial de valorização na ordem dos 103% para a companhia presidida por Mário Cristina de Sousa, que fechou hoje nos 15,14 euros (3.035 escudos) .

Segundo os analistas, apesar da empresa apresentar uma estabilidade financeira e um volume de vendas notável, factores como a próxima fase de privatização, a liberalização do sector, os investimentos no sector efectuados no Brasil e o avanço em áreas como as telecomunicações são como fortes condicionantes para o futuro e explicam a instabilidade que o título tem apresentado nos últimos tempos.

Com um preço de 15 euros (3.000 escudos) pouco acima do valor contabilístico que se cifra nos 14,3 euros (2.886 escudos), «podemos afirmar que a incerteza está presente na mente dos investidores» referem os especialistas. Para a luta de tarifas que se avizinha os analistas afirmam que a eléctrica já perdeu o que tinha a perder, pois apresenta tarifas já abaixo das médias comunitárias, enquanto o acordo recente com a APIGCEE, «lobby» defensor dos interesses industriais, assegura uma defesa eficaz contra o perigo dos produtores espanhóis de electricidade. Quanto ao processo de internacionalização, os recentes e avultados investimentos no mercado brasileiro permitem à EDP vender mais electricidade no Brasil do que em Portugal e apesar da desvalorização do real não o permitir por agora, terão um impacto positivo na cotação do título a partir de Fevereiro do próximo ano. Outra das questões interessantes levantadas por este «research» prende-se com o processo de privatização que se avizinha. Se o Governo acatar as recomendações comunitárias e abolir a cláusula que fixa o poder aquisitivo dos investidores estrangeiros nos 10% de empresas já privatizadas podemos assistir a uma «luta» «pelo controle da empresa com reflexos positivos na cotação do título», perspectivam os mesmo analistas.

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