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JB Capital dá potencial de subida de 76% ao BCP e corta 54% ao "target" do Montepio

No Montepio, há um aumento de capital iminente. No BCP, um futuro mais risonho pela frente. O BPI é um banco saudável mas até que ponto vale a pena esperar? Estas são as considerações da espanhola JB Capital no início da cobertura a Portugal.

Miguel Baltazar/Negócios
25 de Novembro de 2016 às 18:04
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O BCP tem um potencial de valorização de mais de 70%. O BPI conta com uma ligeira margem de progressão em bolsa. Já o Montepio pode perder mais de metade do seu valor. Estas são as conclusões da casa de investimento espanhola JB Capital, de Javier Botín, filho do antigo presidente do Santander Emilio Botín, na primeira nota de "research" que lança sobre o sector financeiro português.

 

BCP com aumento de capital de 625 milhões de euros

 

As acções do BCP fecharam esta semana nos 1,20 euros. A 21 de Novembro, data de que são os dados da nota de "research", os títulos valiam 1,24 euros. Mas a JB Capital antecipa que o "preço-alvo" do banco liderado por Nuno Amado é 2,19 euros. Um potencial de valorização de 76%, que confere uma recomendação de "comprar".

 

"A acção tem sido penalizada em excesso pelas questões de capital e de provisionamento, que acreditamos que estão a ser resolvidas e normalizadas nos próximos dois anos", indicam José Martins Soares e Gonçalo Guarda Garcia, de acordo com a nota a que o Negócios teve acesso.


Este documento da casa de investimento é distribuído aos clientes depois de a Fosun ter, na sexta-feira passada, investido 175 milhões de euros num aumento de capital que deu ao grupo chinês 16,7% do banco. Na visão dos analistas, o "BCP vai precisar de mais capital para reembolsar os CoCos [750 milhões de euros], mas agora tem uma rota definida pela frente".


"Assumimos um novo aumento de capital de 625 milhões de euros [a 0,99 euros por acção], que, juntamente com o recente reforço de capital [da Fosun] vai impedir a conversão dos CoCos em capital. A nossa avaliação já inclui a diluição correspondente", assinala a casa de investimento, acrescentando que o nível de provisionamento de créditos antigos (precaução face a perdas futuras nesses empréstimos já concedidos) é "aceitável".

 

Montepio com aumento de capital "iminente"

 



Quem também tem de promover um aumento de capital é o Montepio. "Outro reforço de capital parece iminente". As estimativas da JB Capital apontam que a caixa económica precisa de 133 milhões de euros para manter o rácio de solidez a "um nível confortável" de 10% face a 8,9% sem tal operação.

 

Esta posição é uma das razões para a avaliação negativa que os analistas Martins Soares e Guarda Garcia fazem da caixa presidida por José Félix Morgado (na foto). As unidades de participação do Montepio valem 20 cêntimos nas suas previsões, o que representa um potencial de descida de 0,54% face à cotação de 43,2 cêntimos.

 

"Segundo as nossas estimativas, o banco tem um longo caminho pela frente com necessidades de provisionamento significativas", assinala a unidade de investimento do herdeiro do Santander, dizendo que a actual cobertura é "insuficiente", pelo que os níveis de constituição de novas imparidades não deverão reduzir. A qualidade dos activos é, aliás, a principal preocupação da JB Capital, que também fala numa exposição elevada ao imobiliário. 

 

"O banco tem reportado prejuízos todos os anos desde 2012, devido sobretudo a elevados níveis de imparidades. Ainda assim, esperamos que continue", indica a casa de investimento. O Montepio deverá apresentar perdas este ano e no próximo antes do regresso aos lucros em 2018, segundo a JB Capital. 

 

Neste momento, os reforços de capital do Montepio só podem ser feitos pela sua proprietária, a associação mutualista com o mesmo nome. Em Dezembro, vai continuar a assembleia-geral que deverá formalizar a sua transformação em sociedade anónima, a partir da qual poderá receber injecções de capital de terceiros (ainda que a instituição diga que não é esse o seu objectivo).

 

BPI: esperar pode ser positivo mas tem risco

 



Se o BCP tem potencial de valorização e o Montepio de descida, o BPI merece uma recomendação "neutral" dado que a margem de evolução em bolsa, na óptica da JB Capital, é limitada.

 

As acções do BPI, sob o comando de Fernando Ulrich, encerraram a valer 1,129 euros, abaixo da contrapartida do CaixaBank na oferta pública de aquisição de 1,134 euros. O espaço de progressão é de 17% até aos 1,32 euros estimados na nota de "research".

 

Este potencial de valorização deve, contudo, ser olhado com uma análise aos riscos de "calendário e de liquidez". "Reconhecemos que há investidores que não estão disponíveis para esperar para que esta subida se materialize e preferem cumprir o ditado: ‘mais vale um pássaro na mão do que dois a voar’". Até porque se a oferta do grupo catalão for bem-sucedida, a liquidez fica muito reduzida.

 

Ou seja, de acordo com os especialistas, o banco, com a "única equipa de gestão sobrevivente dos últimos 30 anos em Portugal", apresenta um dos "mais saudáveis balanços e coberturas de crédito do sector". Além disso, a actividade doméstica poderá melhorar. Mas há um ponto: até que ponto vale a pena esperar por um melhor preço: "Acreditamos que há melhores opções no sector bancário português". 

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.





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