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Nos corta dividendo em 21% devido ao investimento no 5G

A Nos decidiu adotar uma política mais "conservadora" na remuneração aos acionistas. O dividendo baixa para 27,8 cêntimos, mas ainda assim a companhia vai entregar todos os lucros aos acionistas.

Miguel Baltazar/Negócios
21 de Fevereiro de 2020 às 06:50
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O conselho de administração da Nos propôs uma descida no valor dos dividendos a pagar aos acionistas. A remuneração será de 27,8 cêntimos por ação, o que traduz um corte de 21% face aos 35 cêntimos que foram pagos no ano passado.

 

Este dividendo, se for aprovado em assembleia geral, será o mais baixo desde 2017 (20 cêntimos) e traduz a primeira redução desde 2012 (ano em que o dividendo desceu de 16 para 12 cêntimos).

 

No comunicado com a apresentação de resultados, o CEO Miguel Almeida refere que "esta remuneração acionista mais conservadora permite assegurar maior flexibilidade financeira, garantindo ainda assim um retorno atrativo de 6,2% por ação".

 

Apesar de classificar de conservadora, a Nos vai entregar aos acionistas todos os lucros que obteve no ano passado. O payout de 100% compara com os 128% do ano passado e com a estratégia passada de pagar aos acionistas remunerações acima dos lucros obtidos.

 

A Nos anunciou nos primeiros minutos desta sexta-feira que os lucros de 2019 aumentaram 4,3% para 143,5 milhões de euros, um valor que ficou abaixo do esperado pelos analistas consultados pela Bloomberg (157,2 milhões de euros) e que vai todo para os acionistas da operadora de telecomunicações.

 

No ano passado a Nos pagou 180,3 milhões de euros, acima dos lucros que obteve (141,4 milhões de euros). Com o corte de 21% no dividendo deste ano, a Nos "poupa" 37,1 milhões face à remuneração do ano passado

 

Tendo em conta os ambiciosos planos de transformação, o CA decidiu recomendar o pagamento de um dividendo de 27,8 cêntimos por ação, o que corresponde ao pagamento de 100% do resultado líquido do período. Esta remuneração acionista mais conservadora permite assegurar maior flexibilidade financeira, garantindo ainda assim um retorno atrativo de 6,2% por ação. Miguel Almeida, CEO da Nos

Imprevisibilidade do 5G condiciona

 

No comunicado com a apresentação de resultados, Miguel Almeida justifica o corte do dividendo "tendo em conta os ambiciosos planos de transformação" que a companhia tem pela frente.

 

No mesmo comunicado, a Nos detalha os motivos do corte, citando a incerteza com o investimento que terá que fazer na próxima geração de telecomunicações móveis.

 

"O Conselho de Administração aprovou uma proposta de dividendo que seja mais consentânea com as limitações atuais em torno da visibilidade das potenciais implicações operacionais e financeiras dos termos do próximo leilão de espetro 5G, que apenas serão conhecidos mais tarde, no decorrer deste ano", explica a empresa.

 

O Governo aprovou recentemente a estratégia de Portugal para o 5G. Na proposta de regulamento da Anacom para os leilões do 5G, os vários lotes podem, no mínimo, render ao Estado 237,9 milhões de euros, se todos forem atribuídos ao preço de referência. 

 

A Nos acrescenta que optou por esta política de remuneração acionista que classifica de "mais conservadora" apesar da robustez do desempenho operacional e financeiro, uma vez que a dívida líquida aumentou em 2019 mas permanece abaixo de 2 vezes o EBITDA, o que a Nos diz ser um rácio "conservador face às congéneres do setor".

 

As ações da Nos fecharam a última sessão a cair 0,32% para 4,456 euros e nas últimas sessões atingiram mínimos de 52 semanas. A esta cotação corresponde uma rendibilidade de 6,2%.

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