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Wall Street afunda com S&P500 junto dos ursos. Cresce aposta de que Fed aumenta juros em 75 pontos base

As bolsas norte-americanas encerraram em baixa, num dia em que uma vez mais as medidas dos bancos centrais para controlar a inflação estiveram no centro das atenções.

As pressões inflacionistas estão a provocar um agravamento dos juros das obrigações a nível global e a arrastar as ações.
13 de Junho de 2022 às 21:18
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Os principais índices bolsistas do outro lado do Atlântico fecharam no vermelho, devido aos receios em torno das medidas a adotar pelos bancos centrais, já que os elevados níveis da inflação na Europa e EUA apontam para um endurecimento adicional da política monetária, com mais subidas dos juros diretores – podendo não ser possível evitar uma recessão.

 

O índice industrial Dow Jones fechou a ceder 2,79% nesta sessão de arranque da semana, estabelecendo-se nos 30.516,74 pontos.

 

Já o Standard & Poor’s 500 afundou 3,88% para 3.749,63 pontos, tendo entrado em "bear market" (quando um ativo cai 20% face ao último máximo). O S&P 500 está agora com uma queda superior a 20% perante o seu máximo histórico, atingido em janeiro.

 

Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite mergulhou 4,68%, fixando-se nos 10.809,23 pontos.

 

Os investidores continuams cautelosos devido aos renovados receios em torno da inflação, cuja subida persistente pode levar a endurecimentos adicionais da política monetária.

 

Na quinta-feira passada, o Banco Central Europeu decidiu manter inalteradas as taxas de juro diretoras, confirmando no entanto a possibilidade de aumentos em julho e setembro.

 

Depois de o BCE ser o mais recente banco central a sinalizar políticas restritivas de combate à inflação, a prudência redobrou no que toca a investir em ativos de risco, como as ações.

 

Esta semana será a vez de a Fed anunciar a sua decisão de política monetária, mas já começam a aumentar as apostas de que poderá haver um aumento surpresa de 75 pontos base.

 

O que todos esperavam, até há dias, era que a Fed subisse a taxa dos fundos federais em 50 pontos base na reunião de junho e em mais 50 pontos na de julho. Mas já há traders a antecipar subida de 75 pontos base dos juros da Fed.

 

Vejamos porquê. Depois de, em março, ter iniciado o ciclo de aumento dos juros com uma subida de 25 pontos base, a Reserva Federal norte-americana elevou a taxa diretora em 50 pontos base na reunião de 3 e 4 de maio e as atas entretanto divulgadas sobre essa reunião foram ao encontro daquilo que o presidente da Fed, Jerome Powell, já tinha dito: que estava em cima da mesa mais uma subida de 50 pontos base nas reuniões da Fed de junho e de julho.

 

Nessa altura, Powell declarou que um aumento de 75 pontos base não era algo que estivesse a ser ponderado. Mas o cenário entretanto deteriorou-se ainda mais: a inflação nos Estados Unidos atingiu em maio os 8,6%, um novo máximo em 40 anos, acima da previsão dos analistas – que estimavam que se situasse no 8,3%.

 

Perante isto, já há traders a apontar para a possibilidade de a Fed elevar os juros diretores em 75 pontos base na reunião de julho. O Barclays, aliás, antecipa essa probabilidade para a reunião já da próxima semana.

 

O Barclays é assim a primeira grande instituição de Wall Street a prever um aumento desta magnitude, em vez dos 50 pontos base de que tanto se tem falado. "Achamos que o banco central dos EUA tem agora uma boa razão para subir as taxas mais agressivamente do que o esperado na reunião de junho", referem os economistas do banco numa nota de "reseacrh" citada pela Bloomberg.

 

Os dados robustos do mercado laboral nos EUA – com as contratações a aumentarem em 390 mil em maio, contra estimativas de 318 mil – anunciados a 3 de junho abrem também caminho para a Reserva Federal prosseguir com medidas agressivas para conter a subida dos preços, já que o mercado de trabalho parece manter-se suficientemente forte para a Fed o fazer.

 

O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, alertou recentemente para o facto de as políticas restritivas do banco central ameaçarem mergulhar a economia norte-americana numa recessão. Também a presidente executiva do Citi, Jane Fraser, disse achar que os EUA terão dificuldades em evitar uma recessão – e outros observadores e economistas têm vindo a dizer o mesmo. Nouriel Roubini, por exemplo, já advertiu para não se contar com uma aterragem suave.

 

Hoje foi a vez de o CEO do Morgan Stanley, James Gorman, fazer o mesmo - ao dizer que antevê um risco de 50% de uma recessão nos EUA.

Estes receios assolaram a generalidade dos mercados na sessão de hoje. Muito à semelhança de sexta-feira, os mercados estiveram em ebulição. Os juros da dívida dispararam na Zona Euro e nos EUA, as bolsas afundaram, o valor do mercado das criptomoedas caiu abaixo de um bilião de dólares (a bitcoin afundou para mínimos de 18 meses) e o ouro e petróleo também cederam terreno. Quem ganhou foi o ativo-refúgio dólar.

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