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Turbulência em Washington leva PSI-20 à maior queda desde Janeiro
Os dias conturbados que se vivem na Casa Branca continuam a penalizar as bolsas mundiais. A praça portuguesa também foi afectada, com o PSI-20 a descer mais de 1,5%. O desconto do dividendo levou os CTT a afundar perto de 7%.
Depois de na sessão de terça-feira ter registado a maior queda desde Março, hoje a praça portuguesa fez ainda pior. O PSI-20 desvalorizou 1,5%, o que representa a descida mais pronunciada desde 30 de Janeiro. A bolsa portuguesa esteve a acompanhar a tendência negativa das principais praças europeias, numa sessão em que 14 cotadas do índice fecharam no vermelho, enquanto quatro encerraram em alta.
A maior crise política desde que Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos está a penalizar a confiança dos investidores, que temem consequências deste episódio relacionado com as ligações do presidente dos EUA à Rússia.
Depois de o jornal The Washington Post ter noticiado que Trump partilhou informação confidencial com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, um outro jornal, o New York Times, revelou na terça-feira que o presidente pediu ao director do FBI, James Comey, entretanto demitido, que encerrasse a investigação ao seu anterior assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn.
As bolsas europeias também sofrem quedas acentuadas e em Wall Street os índices registam a maior queda desde Março, aliviando de máximos históricos fixados nas últimas sessões. O dólar também continua a perder terreno face às principais divisas.
Se Donald Trump "estiver preocupado a defender-se e for ainda mais longe neste processo, então a expectativa para a implementação da agenda de reformas vai ser reduzida", afirmou à Bloomberg John Stopford, da Investec Asset Management, acrescentando que há margem para esta tendência no mercado persistir, com "as yields das obrigações soberanas e o dólar a perderem valor".
Os investidores temem que esta turbulência em Washington venha atrasar as prometidas reformas económicas e fiscais e o plano de investimentos na maior economia do mundo. Foi a expectativa sobre estas medidas que levaram as bolsas mundiais a fortes ganhos nas últimas semanas.
CTT afundam após descontar dividendo
Em Lisboa, as acções dos CTT sofreram a queda mais forte do PSI-20 por estarem hoje a descontar o dividendo de 48 cêntimos que vai ser pago a 19 de Maio. Os títulos da empresa de serviço postal afundaram 6,78% para 5,32 euros.
Ainda a pressionar o PSI-20 estiveram outros pesos pesados, com o BCP a cair 1,22% para 21,03 cêntimos, a Jerónimo Martins a desvalorizar 1,18% para 17,225 euros e a EDP a recuar 0,68% para 3,056 euros.
A Galp Energia caiu 1,51% para 14,35 euros, não aproveitando a recuperação dos preços do petróleo. Depois dos Estados Unidos terem anunciado uma queda nas reservas da matéria-prima, o Brent avança 1,51% para 52,43 dólares.
Com a turbulência em Washington a penalizar também a moeda norte-americana (o euro sobe 0,54% para 1,1143 dólares), as fabricantes de pasta e papel (que obtêm a maior parte das vendas na divisa norte-americana) também tiveram uma sessão negativa. A Navigator cedeu 2,53% para 3,93 euros e a Altri caiu 2,62% para 4,095 euros.
A EDP Renováveis foi uma das quatro cotadas do PSI-20 em terreno positivo, com as acções protegidas pela OPA da casa-mãe. As acções da empresa subiram 0,07% para 6,963 euros.
(Notícia actualizada às 16:50 com mais informação)