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Tarifas de Trump "vão deixar de ter impacto nos mercados porque deixam de ser surpresa"
Os mercados vão passar a reagir menos aos anúncios de tarifas vindos dos Estados Unidos, acredita o economista Filipe Garcia que considera ainda que Donald Trump irá evitar medidas que deem aos consumidores a perceção de aumento da inflação.
Os anúncios por parte do Presidente norte-americano, nomeadamente a questão das tarifas, vão passar gradualmente a ser acomodados pelos mercados financeiros. O economista Filipe Garcia considera que Donald Trump vai evitar medidas que podem ser entendidas pelos consumidores como "geradoras de inflação" e acredita que "deixarão de ter impacto nos mercados, no sentido que deixam de ser uma surpresa, vão estando incorporadas no preço e, portanto, o mercado só vai reagir a novidades e não a coisas que já estejam anunciadas".
"Creio que Donald Trump terá a tendência para evitar medidas que sejam percecionadas pelos consumidores como geradoras de inflação, ou seja, se falamos, por exemplo, de tarifas sobre o aço, alumínio, cobre, etc., independentemente do sucesso ou da lógica que elas tenham, estamos a falar de situações que não são percecionadas pelos consumidores como geradoras de inflação. Se estivermos a falar de setor automóvel, há todo um conjunto de efeitos que efetivamente acabam por entrar nos índices de inflação e, portanto, pode haver aqui algum tipo de recuo se quisermos", defende em entrevista ao Negócios no canal NOW.
Para o economista, mais do que a questão das tarifas, é preocupante a "forma de atuação de Trump, o distanciamento e ressentimento que está a causar em muitos países por esse mundo fora, algumas situações de ultrapassagem, pelo menos eu considero, daquilo que é o Estado de Direito, uma própria credibilidade das instituições norte-americanas, isso sim poderá ter impactos no mercado mais no médio e longo prazo".
No caso particular do setor automóvel na Europa, Filipe Garcia considera que os problemas são anteriores às anunciadas tarifas.
"Temos que pensar na questão do escândalo das emissões, da regulamentação relativamente às emissões, a transição para o veículo elétrico, que não tem sido feita de uma maneira muito suave pelos construtores europeus, sofrendo uma enorme concorrência por parte de fabricantes como a Tesla ou mesmo todos os fabricantes chineses. E portanto, o mercado já vinha a descer desde abril até mais ou menos ao final do ano", afirma.