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Sell-off nas bolsas acentua-se: Europa em correção e Nasdaq prestes a entrar em "bear market"
O clima de instabilidade provocado pela invasão à Ucrânia está a provocar um verdadeiro sell-off nas bolsas, com a Europa a ser o principal espelho da preocupação dos investidores.
As bolsas do Velho Continente acentuaram a tendência negativa da abertura, com os principais índices a fundarem mais de 4%, para negociarem em mínimos de maio de 2020. O índice europeu já está em território de correção.
O europeu Stoxx 600 segue a recuar 3,8%, para o valor mais baixo desde maio de 2020. Desde os máximos de janeiro, o índice já desvaloriza mais de 10%, o que significa que já entrou em correção. Entre as principais praças europeias, as bolsas grega e alemã lideram as descidas, com tombos de 6% e 4,9%, respetivamente.
As praças madrilena, parisiense e lisboeta também se juntam ao clube dos índices que desvalorizam mais de 4%, com os investidores a reagirem à invasão russa da Ucrânia, uma situação de conflito que está a arrastar os mercados acionistas mundiais.
Nos Estados Unidos, o índice tecnológico Nasdaq deverá entrar em "bear market", ao descer mais de 20% face ao anterior máximo. Já o russo MOEX chegou a afundar 45% durante a manhã.
"Estamos agora perante uma série guerra na Ucrânia e isto significa maior potencial de queda para as ações europeias", adiantou Stefan Koopman, economista do Rabobank, citado pela Bloomberg.
"Agora que a Rússia invadiu a Ucrânia, aproximámo-nos do pico da incerteza e entrámos no universo das más notícias reais. Isto é mais fácil para os investidores, mesmo que as consequências sejam negativas. A única grande fonte de incerteza é a forma como os ucranianos e as potências ocidentais irão reagir", comenta Johanna Kyrklund, Group Chief Investment Officer and Co-Head of Investment da Schroders.
Para a especialista, "a Europa, em particular, é indiscutivelmente a mais exposta ao impacto do que se está a passar". "Além do impacto do risco geopolítico nos prémios de risco, o principal mecanismo de transmissão económica é através dos preços da energia. Isto coloca desafios particulares à Europa, dada a sua dependência da energia russa. Isto tem implicações prejudiciais para o crescimento e complica o quadro para o Banco Central Europeu", remata.
Também o Berenberg, num comentário ao conflito divulgado esta manhã, identifica três grandes riscos relacionados com esta situação: um choque nas ações e noutros ativos; um atraso na recuperação europeia; e, por fim, um impacto nas decisões dos bancos centrais na região, com o BCE e o Banco de Inglaterra a moderarem o discurso na reunião de março.