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"Rally" nas bolsas poderá ter ido longe demais

O "rally" que teve início em dezembro e permanece no arranque de 2020 nas bolsas pode estar à beira de uma pausa, de acordo com um número crescente de análises de mercado.

17 de Janeiro de 2020 às 18:00
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Indicadores como as avaliações e as posições abertas no mercado de futuros e opções sugerem que a valorização nas ações poderá ter ido longe demais. Desde o início do ano o índice MSCI All-Country World valorizou 1,4%, o que acresce ao ganho de 24% alcançado no ano passado, que foi o mais acentuado desde 2009.

 

"Ainda há muitos motivos para preocupação", escreveu Andrew Lapthorne, responsável da unidade de "quantitative research" do Société Générale. "As avaliações são o maior risco a partir de agora".

 

De acordo com Andrew Lapthorne, o PER estimado para as empresas de crescimento dos Estados Unidos atingiu níveis que ao longo das últimas três décadas só foram atingidos durante oito meses.

 


Os analistas da Sundial Capital Research deram recentemente outro alerta: as opções de compra superaram de forma esmagadora as opções de venda no mercado de ações norte-americano este mês.

 

"Em percentagem do volume total, as compras especulativas na semana passada atingiram um nível inédito nos últimos 20 anos, sem que se tenha assistido a volumes consideráveis de estratégias de proteção [contra a queda das ações] para compensar", disse o presidente da Sundial Capital Research, Jason Goepfert. "Os extremos podem sempre ficar mais extremados", escreveu o especialista. "O que não quer dizer que seja uma boa aposta.", assinalou.

 


Também os analistas do JPMorgan Chase assinalaram "potenciais vulnerabilidades caso ocorram choques negativos". Nikolaos Panigirtzoglou escreveu esta ideia numa nota de "research", onde também dava conta que o banco onde trabalha permanece otimista com o mercado de ações.

 

As posições especulativas que estão a ser assumidas em Wall Street por parte de gestores de ativos e fundos alavancados "estão em níveis ainda mais elevados do que no início de 2018", referem os analistas do JPMorgan Chase, citando dados da Commodity Futures Trading Commission. Em janeiro de 2018 as bolsas registaram ganhos acentuados, mas desde 8 de fevereiro até ao final desse ano a queda foi de 10%, com períodos de forte volatilidade que originaram a implosão de alguns produtos ligados ao VIX (índice do "medo", que mede a volatilidade do mercado).

 

Nos investidores particulares norte-americanos também já há sinais de apreensão. A última sondagem para medir o sentimento do mercado, realizada pela Associação de Investidores Individuais, mostra que o pessimismo entre os associados sobre a direção do mercado de ações no curto prazo atingiu máximos de seis semanas.

 

Peter Berezin, chief global strategist do BCA Research, disse na sexta-feira que passou a recomendar uma posição neutra no mercado de ações para o próximo trimestre, apesar de continuar positivo no prazo a 12 meses e recomendar comprar caso ocorra uma desvalorização acima de 5% face aos atuais níveis.

 

"Um elevado sentimento ‘bullish’, no contexto de crescente incerteza nas perspetivas para a atividade económica global e tréguas frágeis entre os EUA e Irão, representa uma ameaça de curto prazo para os ativos de risco", acrescentou Peter Berezin.

 

Texto original: The Stock Rally May Have Gone Too Far, These Measures Indicate

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