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Não há problema em haver bolhas nos ativos desde que não rebentem

O risco de rebentar uma bolha nos mercado aumenta no médio prazo, já que a bolha do crédito está a ser insuflada pelos bancos centrais.

EPA
18 de Setembro de 2019 às 14:00
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Com os preços do petróleo a atraírem tanta atenção, os bancos centrais perderam o foco dos mercados. Isto está tudo prestes a mudar com os anúncios que a Fed fará ao final do dia. Depois do pacote de estímulos do BCE na semana passada, o banco central dos EUA pode optar por dar algum apoio ao mercado, mas a espreitar, em segundo plano, está a ameaça de uma bolha de crédito.

 

Há alguns sinais de alerta óbvios. A queda das "yields" levou os investidores a comprarem obrigações soberanas mais arriscadas e crédito de empresas.

 

O facto de que, em todo o mundo, as obrigações com "yields" negativas atingiram os 17 biliões de dólares – 30% do valor total deste mercado – é um grande sinal, ainda que este nível tenha diminuído este mês.

 

O crédito de empresas raramente é tão "rico" face às ações, de acordo com os estrategas do Société Générale. Se isto torna as ações relativamente atrativas no curto prazo, o risco aumenta no médio prazo, já que a bolha do crédito está a ser insuflada pelos bancos centrais, realçam os estrategas do Bank of America. É por isso que o Bank of America está otimista em relação aos ativos arriscados este ano, mas espera que a bolha rebente em 2020, o que arrastará os mercados acionistas no processo.

 

Mesmo que seja um investidor apenas em ações, as tensões no mercado de crédito não podem ser ignoradas, já que uma bolha no crédito certamente arrastará o mercado de ações, tal como aconteceu em 2008. Na altura, o prémio de risco das ações parecia extremo na Europa, teoricamente favorecendo as ações em detrimento das obrigações.

 

"Os bancos centrais estão a injetar dinheiro na economia mundial que está a abrandar estruturalmente", realçou Sebastien Galy, estratega sénior de macro no Nordea Investment Funds. O que está a aumentar a procura por ativos com fornecimento limitado, provocando bolhas do ouro ao imobiliário e também nos ativos de rendimento fixo, acrescentou.

 

Galy não é o único preocupado sobre os preços de ativos inflacionados. O CEO do UBS, Sergio Ermottu defendeu, em julho, que os estímulos do BCE podia criar bolhas nos ativos. O debate parece ter aquecido com os governadores do BCE que representam a maior fatia da economia da Zona Euro se mostraram contra o plano do presidente Mario Draghi em retomar o programa de compra de ativos (o chamado "quantitive easing").


Quanto à Fed, tem mais margem de manobra depois de ter iniciado o processo de normalização da política monetária. O cenário de descida de juros também se fortaleceu depois da subida expressiva dos preços do petróleo esta semana. As apostas sobre uma descida de juros estão atualmente nos 100%.

 

(Título original: Asset Bubbles Are Just Fine If They Don't Go Pop)

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