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Calçado português "apreensivo" com potenciais tarifas mas recusa desistir dos EUA

Ainda que o setor exporte 90% da sua produção para 170 países, a APICCAPS aponta que os EUA "são um mercado estratégico", que se destaca como "o maior importador mundial de calçado" e "um mercado de elevado potencial".

DR
14:37
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O setor português do calçado está "apreensivo" face à potencial imposição de tarifas pelos EUA às transações com a União Europeia, mas garante não tencionar "deixar cair" um mercado estratégico para onde quase duplicou as exportações em cinco anos.

"Estamos apreensivos, [mas] não tencionamos deixar cair o mercado", afirmou o diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) em declarações, esta terça-feira, à agência Lusa.

Afirmando-se, "do ponto de vista do princípio, frontalmente contra medidas protecionistas, porque penalizam o comércio internacional e limitam a evolução das sociedades", Paulo Gonçalves enfatizou a importância de um "comércio livre, justo e equilibrado".

E, ainda que o setor exporte 90% da sua produção para 170 países, aponta os EUA "são um mercado estratégico", que se destaca como "o maior importador mundial de calçado" e "um mercado de elevado potencial".

"Ainda que não estejamos dependentes de nenhum mercado, acreditamos que, em circunstâncias normais, continuaremos a afirmar-nos nos EUA pela qualidade e serviço do nosso calçado", afirmou Paulo Gonçalves.

Nos últimos cinco anos, as exportações de calçado português para os EUA praticamente duplicaram, tendo crescido 25% nos últimos três anos e totalizado dois milhões de pares e 94 milhões de euros em 2024.

A campanha presidencial de Donald Trump baseou-se em promessas de protecionismo económico, incluindo junto de economias como a canadiana, a mexicana ou a chinesa. Além destes países, Trump já ameaçou aplicar tarifas às transações com União Europeia (UE), Bolívia ou Dinamarca - devido ao território da Gronelândia.

O Presidente norte-americano disse este mês aos líderes empresariais reunidos no Fórum Económico Mundial, em Davos (Suíça), para fabricarem os seus produtos nos EUA, caso contrário "terão de pagar tarifas".

As exportações de calçado português aumentaram 3,3% em volume, mas caíram 6,5% em valor, em 2024 face a 2023, somando 1.702 milhões de euros num ano "muito difícil no plano externo", segundo estimativas da APICCAPS com base nos dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE).

"É o reflexo da dinâmica do mercado. O ano que terminou foi muito difícil no plano externo", afirmou o presidente da associação, Luís Onofre, citado num comunicado divulgado na segunda-feira.

As estimativas da APICCAPS apontam ainda para um novo máximo histórico das exportações do setor de artigos de pele e marroquinaria, que em 2024 terão aumentado 8,5% para 351 milhões de euros, destacando-se o segmento "malas e bolsas", com um crescimento de 10,6% para 175 milhões.

Em 2024, a indústria portuguesa de calçado exportou 67 milhões de pares de calçado para todo o mundo, tendo vendido mais de 90% da sua produção para 170 países de todos os continentes.

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