Notícia
Meng e OPEP: a dupla que manteve Wall Street no chão
As bolsas do outro lado do Atlântico voltaram a perder terreno, muito à conta das cotadas da energia, que foram pressionadas pela queda das cotações do petróleo. Já a detenção da directora financeira da Huawei trouxe novos receios quanto às relações comerciais entre os EUA e a China. Mas no final da sessão a Fed impediu maiores perdas.
O Dow Jones encerrou a cair 0,32% para 24.947,67 pontos e o Standard & Poor’s 500 perdeu 0,15% para 2.695,95 pontos.
Em contrapartida, o tecnológico Nasdaq Composite conseguiu recuperar na última hora de negociação e terminou no verde, a somar 0,42% para 7.188,26 pontos.
As bolsas em Wall Street reabriram após um dia de paragem devido às cerimónias fúnebres do ex-presidente norte-americano George H. W. Bush. E prosseguiram o movimento de queda com que tinham encerrado na terça-feira, se bem que no final da sessão tenham conseguido eliminar parte das perdas e o Nasdaq tenha mesmo conseguido chegar à tona – apesar da queda superior a 1% da Apple.
A CFO (administradora financeira) da Huawei e filha do fundador da tecnológica chinesa, Meng Wanzhou, foi detida no Canadá por suspeitas de violação das sanções impostas pelos EUA ao Irão e foi essa notícia que esteve hoje a pressionar os mercados financeiros.
A detenção de Meng Wanzhou desencadeou um sentimento negativo nos mercados, ao intensificar as dúvidas em torno das tréguas entre os EUA e a China. Isto depois de terem sido anunciados os 90 dias de 'paz comercial'.
Um dos sectores que mais penalizou os índices do outro lado do Atlântico foi o da energia, muito à conta das fortes quedas dos preços do petróleo em dia de reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), depois de a Arábia Saudita ter dito que propunha uma redução da produção mais baixa do que se esperava.
A reunião de hoje terminou sem um acordo sobre a dimensão do corte na produção a implementar pelos membros do cartel, que esperam agora pelo encontro de amanhã com os produtores externos ao grupo, que incluem a Rússia (OPEP+), para tomarem a decisão final.
A expectativa do mercado é a de que seja anunciado um corte conjunto de cerca de 1,3 milhões de barris por dia.
A retoma na última hora de negociação em Wall Street mostra o quão incertos estão os investidores relativamente às tensões comerciais entre Washington e Pequim, sublinha a CNN Money.
O mercado poderá também ter recebido um impulso devido ao relato do The Wall Street Journal de que a Reserva Federal está a ponderar reduzir o ritmo de subida das taxas de juro na próxima semana, refere a mesma fonte.
Esta eventualidade começou a ganhar mais força na semana passada, quando o presidente da Fed, Jerome Powell, adoptou uma posição mais branda relativamente à subida de juros directores nos EUA, fazendo crescer a especulação de que o banco central poderá estar mais perto do que se pensa de travar o ciclo de aumento dos juros.
Powell disse que as taxas de juro estão "pouco abaixo" do nível da política neutra – ou seja, em que não há arrefecimento nem aceleração do crescimento económico. Além disso, o presidente da Fed sublinhou que os efeitos da subida dos juros demoram tempo a reflectir-se nos dados. Isto levou a que os investidores ficassem mais convictos de que a Reserva Federal se prepara para reduzir o ritmo de subidas da taxa directora ou até mesmo a interromper esse ciclo.
No dia seguinte, a 29 de Novembro, as actas da última reunião do banco central foram no mesmo sentido: tudo indica que os juros sejam aumentados na reunião de 18 e 19 de Novembro, em mais 25 pontos base (o nono aumento desde que o banco central iniciou o ciclo de subida dos juros, em Dezembro de 2015), mas talvez não aumentem em 2019 as quatro vezes que se antecipava.
Nas referidas actas, a Reserva Federal sustentou que um novo aumento dos juros é "necessário em breve". No entanto, mostrou apreensão perante a disputa comercial EUA-China e ao endividamento das empresas norte-americanas.
"Uma vez mais, a Fed alude à possibilidade de uma pausa [na subida dos juros] em 2019", sublinhou numa nota de análise o economista-chefe da FTN Financial, Chris Low.