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Media Capital e Impresa regressam às quedas
Depois dos ganhos acentuados na última sessão, as acções da Media Capital e da Impresa regressaram às quedas. Ainda assim, a dona da TVI continua 40% acima da OPA da Altice.
A Altice anunciou um acordo de compra da Media Capital com os espanhóis da Prisa, que avalia o negócio em 440 milhões de euros. Com este acordo ficará com quase 95% do capital da dona da TVI. As restantes acções, que se encontram dispersas em bolsa, serão alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) obrigatória, oferecendo uma contrapartida de 2,5546 euros.
Sexta-feira, 14 de Julho, dia em que o negócio foi conhecido, foi marcada por subidas muito acentuadas da Media Capital (mais de 17%) e da Impresa (mais de 13%), com as cotadas a reflectirem o anúncio.
Esta segunda-feira, 17 de Julho, registou-se uma correcção, com a Impresa a descer 3,76% para 0,41 euros e a Media Capital a ceder 1,10% para 3,60 euros. Ainda assim, a dona da TVI continua 40% acima da contrapartida oferecida pela Altice.
A sessão foi acompanhada por uma elevada liquidez, tendo trocado de mãos mais de 1,5 milhões de títulos da Impresa, o que compara com a média diária de 932,9 mil acções registada nos últimos seis meses. Já da Media Capital foram negociadas quase quatro milhões de acções, o que compara com a média diária de 2,1 milhões.
Compra de Media Capital promete mexer com o mercado
O que vai fazer a Nos após a compra da Media Capital? Vai responder à Altice na mesma moeda? Apesar de considerarem esta decisão como pouco "racional", os analistas apontam a Impresa como alternativa.
No sector de comunicação social, à primeira vista, a Impresa é a que mais se destaca como potencial beneficiada da compra da dona da TVI. Os analistas têm apontado a dona da SIC como o alvo mais provável de compra. E o preço pago pelos franceses da Altice dá "uma referência positiva" para a Impresa, já que os múltiplos a que o negócio foi feito são elevados. Além disso, dizem os analistas, esta operação poderá trazer "novas fontes de receita" à Impresa, porque pode obrigar a que outros operadores de telecomunicações se reposicionem.
"Na nossa perspectiva, esta aquisição, se confirmada, será disruptiva para o mercado, com a Altice a tentar constituir vantagens concorrenciais nos conteúdos e a forçar outros operadores a reagir. Consequentemente, antecipamos os riscos de um ambiente concorrencial mais intenso e acreditamos que a Nos seja obrigada a reforçar os seus investimentos em conteúdos", afirma Pedro Oliveira, analista do BPI numa nota publicada na sexta-feira, 14 de Julho.
E não é o único a ter esta perspectiva. O analista do CaixaBI, Artur Amaro, considera que, assumindo como válido o cenário em que a Altice adquire a Media Capital, somos da opinião que uma nova disputa entre os operadores de telecom por conteúdos possa intensificar-se."
Impresa volta a estar sob os holofotes de analistas e investidores
Têm sido várias as análises sobre o sector de media. Houve até analistas que já deixaram claro que empresas de telecomunicações a entrarem no negócio da comunicação social pode não ter qualquer racional. Mas o mercado não tem dado ouvidos. E a compra da Media Capital por parte da Altice aumenta a expectativa. A Impresa tem sido das maiores beneficiadas, com as acções a mais do que duplicarem de valor desde o início do ano.
O analista do BPI, Pedro Oliveira, considera que este negócio tem pontos a favor e um contra a Impresa. Por um lado, dá "uma referência positiva" já que implica um rácio de EV/EBITDA de 2018 de 10,2 vezes. "A estes múltiplos, o valor da Impresa situa-se entre os 41 milhões de euros e os 82 milhões de euros, o que compara com um valor de mercado actual de 63 milhões de euros".
Contudo, salienta o analista, "estrategicamente, esta operação coloca a Impresa sob pressão, já que um dos seus maiores clientes se vai transformar num concorrente e pode enfraquecer a sua posição". Por outro lado, "a necessidade de quer a Vodafone, quer a Nos reagirem e investirem em conteúdos pode dar mais oportunidades para novas fontes de receitas" para a dona da SIC.
E isto acontece numa altura em que a Impresa está a tentar refinanciar-se. A empresa liderada por Francisco Pedro Balsemão lançou um empréstimo obrigacionista de 35 milhões de euros, tendo proposto aos detentores de dívida com maturidade em 2018 que trocassem os títulos detidos pelas novas obrigações, cujo intuito é, além de prolongar a maturidade da dívida, financiar o edifício onde a empresa tem a maior parte das publicações, mas onde não está a SIC.
Ao que o Negócios apurou, a extensão do prazo, até dia 19 de Julho, destina-se a dar mais tempo para que os investidores particulares qualificados que têm obrigações emitidas em 2014 manifestem a sua intenção de aceitar a oferta de troca. Já entre os investidores institucionais, a taxa de aceitação da operação estará em linha com as expectativas da Impresa.