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Mais um dia estranho em Wall Street
Os mercados acionistas norte-americanos fecharam em baixa, penalizados por uma retoma dos juros da dívida pública ao final do dia. Isto depois de terem chegado a subir com algum vigor.
O Dow Jones fechou a ceder 0,01%, para se fixar nos 32.420,06 pontos. Isto depois de, na passada sexta-feira, ter estabelecido um novo máximo histórico nos 33.227,78 pontos durante a sessão.
Já o Standard & Poor’s 500 recuou 0,55% para se fixar nos 3.889,14 pontos. A 18 de março fixou um novo recorde na negociação intradiária, ao tocar nos 3.983,87 pontos.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite desvalorizou 2,01%, fechando nos 12.961,89 pontos.
Ontem os índices bolsistas de Wall Street desceram devido sobretudo aos receios de novos aumentos de impostos – para pagar o avultado investimento de 3 biliões de dólares em infraestruturas que se espera que seja anunciado pelo presidente Joe Biden – a que Yellen aludiu, mas hoje estiveram a ser sustentados durante grande parte da sessão pelo facto de os juros da dívida pública terem voltado a aliviar.
O desagravamento dos juros levou as tecnológicas a liderarem os ganhos da manhã, com os investidores a esperarem que os maiores encargos com a dívida talvez não afetem tanto as receitas das empresas do setor.
Mas, a meio da sessão, quando Wall Street começou a vender obrigações a 10 anos, os juros subiram para 1,65% e as tecnológicas inverteram de imediato para a baixa.
A subida dos juros da dívida soberana pressiona habitualmente os títulos tecnológicos – já que este contexto reduz o apetite por ações de elevado crescimento em prol de empresas que são vistas como tendo maior probabilidade de um bom desempenho com a retoma da economia (os chamados títulos cíclicos, como o financeiro e energético).
O Dow e o S&P 500 ainda se aguentaram no verde até quase ao fecho da sessão, mas acabaram por perder fôlego na reta final e também terminaram em queda.
A retoma de hoje estava a ser essencialmente impulsionada pela banca. Ontem, o setor financeiro foi dos mais pressionados, especialmente as ações dos bancos, que têm estado bastante voláteis nas últimas duas semanas enquanto os investidores tentam avaliar o impacto que taxas de juro mais altas teriam na economia.
O aumento das taxas de juro – que a Fed já descartou por agora, não devendo pensar nisso antes de 2023 – pode desacelerar a dinâmica da economia, mas também permite que os bancos cobrem mais pelos empréstimos, o que ajuda o setor.
Também o setor industrial esteve a ganhar balanço com o otimismo em torno do panorama para a retoma económica manifestado hoje perante o Senado pela secretária norte-americana do Tesouro, Janet Yellen, e pelo presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell.
No entanto, a valorização dos títulos financeiros e industriais não impediu um fecho de Wall Street no vermelho, com as tecnológicas a propagarem um sentimento negativo.
O imperativo tem sido o clima de incerteza, com os índices a subirem e a descerem ao sabor das notícias sobre a vacinação contra a covid-19, os confinamentos, a evolução dos juros da dívida e os estímulos à economia.
E hoje não foi exceção. "It's another weird day on Wall Street", resumiu a CNN.