Notícia
Mais um dia de fortes quedas em Wall Street
As bolsas do outro lado do Atlântico encerraram no vermelho, num dia de sobe-e-desce, acabando por pesar as contradições da Administração Trump no que diz respeito às tensões comerciais.
O Dow Jones fechou a cair 2,24% para 24.388,34 pontos e o Standard & Poor’s 500 perdeu 2,33% para 2.633,08 pontos - a registar a pior semana desde Março.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite recuou 3,05% para 6.969,25 pontos.
Os principais índices bolsistas abriram em terreno negativo, depois de os novos dados económicos não terem conseguido aliviar os receios em torno da desaceleração económica dos EUA.
O crescimento dos empregos abrandou em Novembro e os salários mensais aumentaram menos do que o esperado, o que revela alguma moderação na actividade económica que poderá sustentar a ideia de que a Reserva Federal irá reduzir o seu ritmo de subida das taxas de juro em 2019.
O número de contratados aumentou em 155.000 no mês passado, quando os analistas inquiridos pela Reuters apontavam para um incremento médio de 200.000. As empresas do ramo da construção registaram o menor nível de recrutamento dos últimos oito meses, provavelmente devido às temperaturas muito mais baixas do que é o normal na época.
Alguma da moderação nas contratações em Novembro pode também dever-se a uma escassez de trabalhadores qualificados. Por sua vez, a remuneração à hora aumentou seis cêntimos de dólar (0,2%).
Já a taxa de desemprego manteve-se no nível mais baixo dos últimos 49 anos, nos 3,7%.
Entretanto, com o prosseguir da jornada, as bolsas em Wall Street chegaram a conseguir negociar no verde, mas não foi uma tendência sustentada – e muito à conta das mensagens contraditórias sobre comércio passadas por conselheiros do presidente do país, Donald Trump.
Larry Kudlow, conselheiro económico da Casa Branca, mostrou optimismo – em declarações à CNBC – relativamente às conversações entre Washington e Pequim no sentido de se chegar a um entendimento em matéria comercial – o que animou o sentimento dos investidores.
Mas Peter Navarro, conselheiro comercial de Trump, veio arrefecer os ânimos ao dizer na CNN que os problemas relacionados com o aumento das tarifas aduaneiras não se resolvem no período de tréguas de 90 dias acordado entre as duas partes.
Recorde-se que Wall Street abriu a semana em alta, com os investidores a aplaudirem o facto de os presidentes dos EUA e da China terem acordado no dia 1 de Dezembro – à margem do G20 – tréguas de três meses para que as negociações sobre as relações comerciais decorram num contexto mais tranquilo.
Este acordo veio intensificar a expectativa de que Washington e Pequim consigam chegar a um entendimento que ponha termo à aplicação mútua de tarifas aduaneiras adicionais. Contudo, foi sol de pouca dura. E muito à conta de Donald Trump. Isto porque o presidente norte-americano publicou vários tweets, dando a entender que ainda muito caminho a percorrer para um acordo com a China.
Entretanto, na quarta-feira as bolsas estiveram encerradas nos EUA, dado ter sido decretado dia de luto nacional pelo falecimento do 41.º presidente do país, George H. W. Bush, e ontem regressaram à negociação também a ceder terreno – com a detenção da directora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, a desencadear um sentimento negativo nos mercados, a par com a queda dos preços do petróleo.
Hoje os preços do crude dispararam nos mercados internacionais, depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados terem anunciado um corte da oferta na ordem de 1,2 milhões de barris por dia até Abril do próximo ano – o que sustentou as cotadas da energia, mas não o suficiente para manter Wall Street no verde.
Um outro factor continua a ter bastante influência negativa no sentimento dos investidores, especialmente nos EUA: a curva de rendimentos das obrigações norte-americanas está a horizontalizar. Ou seja, os investidores pedem juros para apostar na dívida de curto que estão cada vez mais próximos dos exigidos para o longo prazo. O que costuma indiciar a possibilidade de uma recessão pois os investidores estão a mostrar um maior receio de aplicar o dinheiro no curto prazo.
A juntar ao comércio e aos juros, o rumo da política monetária da Reserva Federal norte-americana tem também centrado as atenções numa altura em que se fala de o banco central poder reduzir o ritmo de subida dos juros em 2019.
A pressionar estiveram sobretudo as tecnológicas e os títulos ligados aos cuidados de saúde.