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Maio, mês para fugir da bolsa? Sem dividendos não havia queda

Um dos adágios mais populares dos mercados recomenda vender este mês. Muitos investidores fizeram-no. E a queda da bolsa nacional dá-lhes alguma razão, mas sem o efeito dos dividendos qual seria o saldo?

Bloomberg
30 de Maio de 2016 às 23:30
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Maio não foi um mês fácil nos mercados. A turbulência voltou a tomar conta das bolsas, mas não derrubou os índices europeus. Já o português não resistiu. Depois da recuperação recente, Maio prepara-se para fechar com um saldo negativo, dando razão a um dos adágios mais populares dos mercados. Mas isto se não se tiver em conta os dividendos distribuídos pelas cotadas. Excluindo esse efeito, o PSI-20 tinha ficado no "verde".


A praça portuguesa encerrou a penúltima sessão deste mês em "terreno" positivo. Foi uma das dez sessões de ganhos em Maio, num total de 22 (falta a sessão desta terça-feira, 31 de Maio). Em 11, o índice perdeu valor, sendo que nestas as perdas mais do que anularam os bons desempenhos, levando a que o PSI-20 apresente uma queda de 1,45% naquele que, diz o adágio, é mês de vender. Na Europa, o Stoxx 600 soma 2,54%, o melhor mês desde Novembro.


A descida surge após dois meses positivos na bolsa nacional que tinha arrancado o ano com o "pé esquerdo", elevando a queda no ano para 6,28%. Mas esta quebra em Maio esconde o facto de este ser o mês de excelência no que diz respeito ao pagamento de dividendos em Lisboa. Praticamente todas as cotadas que pagam fizeram a entrega da remuneração este mês, pressionando o índice.


E o que teria acontecido sem este efeito dos dividendos? A bolsa tinha subido. O Negócios simulou a carteira do PSI-20, composta por 18 cotadas, adicionando à cotação actual os dividendos pagos. O resultado é bem diferente: em vez de uma queda de 1,45% no mês, o índice de referência do mercado português teria apresentado uma valorização de 1,22% em Maio (considerando os respectivos pesos das cotadas no cabaz).


Ou seja, um investidor que tivesse uma carteira de títulos da bolsa portuguesa com a mesma ponderação que é dada pela Euronext Lisboa às diferentes empresas em vez de perder dinheiro teria, na realidade, ganho. Isto porque, embora as cotações em bolsa estejam mais baixas, a diferença estaria na conta, sob a forma de dividendos. E, em alguns casos, até há empresas que além do dividendo efectivamente pago viram as suas acções subirem mais do que o que foi descontado.


Dividendos a duplicar


No total das 18 cotadas, quatro não remuneram os investidores, três pagaram em Abril e outras duas ainda não pagaram. Das nove que restam, a EDP Renováveis e a Nos destacam-se pela positiva ao terem conseguido pagar as respectivas remunerações, de 0,05 e 0,16 euros, e valorizarem em bolsa, em Maio, mais do que esse valor. Ou seja, não só deram dividendos como mais do que o valor desses dividendos foi restituído nas acções.


A EDP Renováveis acumulou uma valorização de 0,13 euros e a Nos de 0,383 euros. No caso da Jerónimo Martins, embora o valor gerado nas acções não tenha sido suficiente para compensar a totalidade do dividendo destacado, ficou lá perto: pagou 0,265 euros mas subiu 0,235 euros. Altri e CTT também já permitiram aos investidores ficarem com os dividendos e recuperarem parte do destacado em bolsa.

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