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Guerra de ursos e touros em Wall Street. Nasdaq entrou em território de correção

Os principais índices de Wall Street voltaram a fechar no vermelho, numa altura em que os investidores avaliam as perspetivas para as contas das empresas num contexto de potencial endurecimento da política monetária.

Bloomberg
19 de Janeiro de 2022 às 21:28
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O índice industrial Dow Jones fechou a ceder 0,96% para 35.028,65 pontos. No passado dia 5 de janeiro tocou num nível nunca antes atingido, nos 36.952,65 pontos.

 

Já o Standard & Poor’s 500 recuou 0,97% para 4.532,76 pontos. Na negociação intradiária de 4 de janeiro atingiu o valor mais alto de sempre, nos 4.818,62 pontos.

 

Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite desvalorizou 1,15% para se fixar nos 14.340,25 pontos.

 

O Nasdaq entrou hoje em território de correção – que é quando se perde pelo menos 10% face ao último máximo (e quando cai pelo menos 20% entra no chamado ‘mercado urso’ [‘bear market’]). Isto porque perdeu 10% face ao seu anterior recorde de fecho, atingido a 19 de novembro. A 22 de novembro marcou um máximo histórico intradiário nos 16.212,23 pontos.

 

Os índices do outro lado do Atlântico oscilaram entre ganhos e perdas durante grande parte da sessão, com o S&P 500 a chegar a testar um nível de suporte chave.

 

Os investidores estão a optar pela prudência, numa altura em que avaliam o panorama para o crescimento dos lucros das cotadas num contexto de potencial endurecimento da política monetária – havendo a possibilidade de a Fed arrancar já em março com a subida dos juros diretores e de o poder fazer num total de quatro vezes este ano.

 

Os dois bancos – Bank of America e Morgan Stanley – que hoje reportaram contas tiveram um bom desempenho (a subirem 0,39% e 1,83%, respetivamente), ao contrário do que tem sucedido com outros congéneres.

 

No entanto, as tecnológicas continuam a ser fortemente penalizadas pela subida dos juros da dívida soberana nos EUA, tendo acabado por influenciar negativamente todo o sentimento do mercado.

 

O antecipado endurecimento da política monetária da Fed tem feito subir as yields das obrigações do Tesouro, penalizando sobretudo as tecnológicas, que negoceiam em preços elevados, depois de terem disparado nos últimos dois anos muito graças às baixas taxas de juro.

 

A especulação de que muitos bancos centrais, incluindo a Fed, terão de começar a subir as taxas de juro mais cedo do que o esperado tem pressionado as bolsas em geral e levado a uma subida dos juros da dívida.

 

Ursos versus touros

 

Quando temos um mercado urso, isso significa que está em queda – e os investidores que acreditam que as praças accionistas estão em baixa são também considerados ursos (pois estão em modo "bearish").

 

E porquê o urso? Porque ataca de cima para baixo, com as suas garras, provocando um movimento descendente. Entra-se em "mercado urso" quando um título, índice ou outro activo regista uma queda de pelo menos 20% face ao anterior máximo.

 

Por oposição ao urso, temos o touro, que aponta para um mercado altista, vigoroso, cheio de optimismo. Quem acredita nas subidas é, por isso, um "bullish". E porquê touro? Porque é um animal que ataca de baixo para cima, com os seus cornos, provocando um movimento ascendente.

 

O mundo financeiro utiliza assim as expressões "bull" e "bear" para designar as tendências de alta e de baixa dos títulos cotados nos mercados. Utilizam-se mais no mercado de acções, mas podem ser aplicadas a tudo o que seja transaccionável em bolsa, como as moedas, as obrigações e as matérias-primas, por exemplo.

 

Não basta um mercado estar com uma tendência ascendente para ser imediatamente denominado de "mercado touro" – tecnicamente, isso só acontece quando sobe 20% ou mais face ao último mínimo –, mas pode dizer-se que os touros "andam à espreita". Assim, se num determinado índice há setores a puxarem para cima e outros a arrastarem para baixo, é caso para dizer que há touros e ursos em disputa pela tendência principal do índice.

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