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Grandes finanças internacionais dominam 80% da negociação na bolsa de Lisboa

Os pequenos investidores estão a ganhar peso na negociação de ativos na Euronext Lisbon, mas são os intermediários financeiros que lideram.

O índice de referência da bolsa de Lisboa, liderada por Isabel Ucha, muda a 21 de março.
Miguel Baltazar
28 de Fevereiro de 2023 às 13:56
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Os estrangeiros estão a ganhar peso na bolsa de Lisboa. Cerca de 80% das negociações são feitas por grandes investidores internacionais, de acordo com os mais recentes dados do grupo Euronext. Além destes, há ainda individuais que investem por via da banca em Portugal - uma tendência que se têm reforçado com o aumento do número de estrangeiros a viver em Portugal.

"Temo-nos apercebido de que há uma vaga de estrangeiro que estão a viver em Portugal e que estão a investir também", explicou a presidente da Euronext Lisbon, Isabel Ucha (na foto), num encontro esta terça-feira com jornalistas, em que apresentou os objetivos para 2023.

Apesar de não ter dados desagregados por nacionalidade, da interação da gestora da bolsa de Lisboa com os bancos, é possível perceber que estes investidores são principalmente brasileiros, norte-americanas e europeus (franceses ou belgas), mas também, em menor escala, asiáticos, incluindo de Hong Kong.

"Vêm viver para Portugal e mudam também os seus hábitos de investimento", afirmou Isabel Ucha, explicando que este é um dos fatores que tem impulsionado o peso dos investidores individuais na bolsa, a par de um renovado interesse que começou na pandemia e que - ao contrário de outras geografias do grupo - nunca chegou a perder ímpeto.

Como o Negócios já tinha avançado, 15% das negociações eram, no final do ano passado, realizadas por investidores individuais. A parcela representa três vezes mais do que no período pré-pandemia. "Há um peso muito grande do investidor individual", reafirmou Isabel Ucha, no encontro desta terça-feira. "Não sei se lhe chamaria capitalismo popular, mas estamos a assistir a um aumento do número de investidores".

Mas o grande movimento vem de instituições internacionais. "Cerca de 80% das negociações é feita através de intermediários financeiros que não têm presença física em Portugal, o que indicia que vêm na sua maior parte de estrangeiros", apontou a líder da bolsa.


Banca lidera na dívida. Municípios a caminho?
Isabel Ucha reconheceu que 2022 "não foi um ano fácil para os mercados no geral", mas - apesar disso - as empresas cotadas na Euronext Lisbon tiveram um desempenho positivo porque "são resilientes" face ao contexto económico.

O PSI valorizou cerca de 3% e o valor negociado em contratos de futuros sobre o índice de referência cresceu 40%. Houve uma entrada em bolsa (da Samba Digital) e nenhuma saída, enquanto os volumes negociados em Lisboa aumentaram 21% em 2022 face ao ano anterior ou 60% quando comparado com 2019, o último ano pré-pandemia. "É um fenómeno assimétrico face ao resto da Europa", avançou.

Quanto às novas emissões de obrigações, foi um ano "marginalmente melhor" do que 2021, "novamente ao contrário do que aconteceu na Europa", sublinhou Isabel Ucha. O aumento veio principalmente das instituições financeiras, com as emissões dos bancos para se financiarem na bolsa a crescer 222%. Por outro lado, houve uma ligeira diminuição das empresas não financeiras.

Para 2023, a bolsa de Lisboa define como um dos principais objetivos que mais empresas e entidades públicas usem o mercado de capitais para se capitalizarem, inovarem e crescerem. No domínio público, poderá incluir o regresso das obrigações para o retalho, as OTRV. "Esperamos e desejamos que o Governo volte a olhar para esta opção", avançou Isabel Ucha.

Em simultâneo, a Euronext está também a trabalhar com os municípios com vista ao financiamento em mercado. "É um diálogo que continua. Consideramos que faz todo o sentido e que alguns municipios tinham condições para o fazer, incluindo na área das obrigações sustentáveis", explicou a presidente da bolsa de Lisboa, acrescentando que há "um conjunto de contactos" a serem feitos.

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