Notícia
Desde janeiro que as bolsas americanas não caíam tanto numa só sessão
Os mercados acionistas do outro lado do Atlântico agravaram a tendência de queda registada no arranque da semana, com os investidores a demonstrarem grande nervosismo perante a ameaça de novas tarifas aduaneiras dos EUA sobre alguns produtos chineses já a partir de sexta-feira.
O Standard & Poor’s 500 encerrou a ceder 1,65% para 2.884,05 pontos, ao passo que o Dow Jones recuou 1,79%, para 25.965,77 pontos.
Também o Nasdaq Composite acompanhou o movimento de perdas, terminando a depreciar-se 1,96% para 7.963,76 pontos.
Estas quedas - que chegaram a rondar os 3% - foram a mais acentuadas desde janeiro. O S&P 500 marcou a quarta descida em cinco sessões e o Dow Jones viu as suas 30 cotadas negociarem todas no vermelho.
O Dow chegou a cair mais de 600 pontos (no fecho cedeu 473,39 pontos) e situou-se abaixo do patamar dos 26.000 pontos, naquela que foi a sua pior jornada desde 3 de janeiro (-2,83%) – dia em que a Apple advertiu que iria falhar as suas estimativas para os lucros devido às fracas vendas de iPhones na China.
Já o Nasdaq Composite não quebrava a barreira dos 8.000 pontos desde 18 de abril.
Liu He, o representante comercial do presidente chinês, Xi Jinping, regressa esta quarta-feira a Washington para o que poderá ser uma ronda final de conversações comerciais. E os mercados estão a acusar o nervosismo perante a possibilidade de não haver um entendimento até sexta-feira.
No domingo, 5 de maio, a Casa Branca intensificou a pressão sobre a China, ao anunciar que a partir do dia 10 os EUA irão impor tarifas aduaneiras adicionais sobre produtos chineses se não houver acordo comercial.
Esta "jogada" do presidente norte-americano constitui uma pressão para as duas maiores economias mundiais chegarem a um entendimento, mas o curto prazo anunciado por Donald Trump tem estado a penalizar os mercados desde o arranque da semana.
O chefe da Casa Branca especificou que as tarifas de 10% sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares em produtos chineses importados pelos EUA irão subir para 25% a partir de sexta-feira. E mais: "em breve" serão impostas tarifas de 25% sobre o equivalente a mais 325 mil milhões de dólares de produtos oriundos da China.
Com esta "ameaça", chegou-se a recear que a China desistisse de enviar a sua delegação a Washington, mas Pequim manteve o seu plano de prosseguir as conversações e hoje retomam as negociações.
Mas o que aconteceu, então, para ontem as bolsas em Wall Street terem conseguido encerrar distantes dos mínimos da sessão – se bem que em baixa – e hoje terem afundado desta maneira? A CNN diz que tem tudo a ver com reforço de credibilidade das "ameaças".
Se tivesse sido apenas Trump a fazer a ameaça, todos já estão habituados a advertências do presidente dos EUA que depois não se concretizam. Acontece que ontem, já depois do fecho das bolsas do outro lado do Atlântico, o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e o secretário norte-americano do Tesouro, Steven Mnuchin, voltaram a brandir a ameaça de tarifas alfandegárias adicionais, tendo declarado à imprensa que Donald Trump estava a falar muito a sério. Foi o suficiente para hoje as bolsas reagirem com este pessimismo.