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Derrota de Trump com Obamacare deixa Wall Street sem direcção
O sentimento em Wall Street é negativo, mas longe das quedas fortes que se temiam caso o presidente dos Estados Unidos não conseguisse o apoio dos Republicanos para revogar o Obamacare, tal como se veio a verificar.
As bolsas norte-americanas fecharam em queda ligeira, penalizadas pela confirmação da primeira grande derrota de Donald Trump no Congresso, onde não foi votado o projecto de lei sobre a reforma do sistema de saúde foi retirado uma vez que tinha chumbo garantido.
O Dow Jones caiu 0,29% para 20.596,72 pontos e o S&P 500 cedeu 0,07%. O Nasdaq avançou 0,19% para 5.828,7 pontos.
O projecto de lei que visa revogar e substituir o Obamacare foi retirado do Congresso após ordem expressa pelo próprio Donald Trump, que tomou esta decisão depois de se ver confrontado com a incapacidade de recolher os apoios necessários à sua aprovação pela Câmara dos Representantes.
Este revés para Trump, que já se tinha antecipado nas últimas horas, está a deixar os investidores nervosos perante a incapacidade do presidente dos Estados Unidos para recolher o apoio dos republicanos para ver aprovado no Congresso outras medidas. Sobretudo as que integram o seu prometido "fenomenal" plano económico, que contém cortes de impostos agressivos a investimentos em infra-estruturas avultados.
As primeiras semanas de Trump na Casa Branca foram marcadas por fortes ganhos em Wall Street, precisamente devido às expectativas elevadas com o impacto do plano de Trump. Apesar de estas estarem agora mais reduzidas, a tendência negativa das acções norte-americanas é bem inferior à antecipada por muitos analistas que temiam uma correcção forte nos mercados caso Trump sofresse a primeira derrota no Congresso com o Obamacare.
O sector da banca, que registou o melhor comportamento nas últimas semanas, foi hoje dos mais penalizados, com as acções do Goldman Sachs a cederem 1,53%.
Vários analistas justificam esta queda reduzida de Wall Street com a expectativa que depois da derrota como Obamacare, Trump vai partir para a próxima grande promessa, que é precisamente o plano fiscal.
"Os investidores estão a chegar à conclusão que qualquer que seja o desfecho" sobre a votação do Obamacare, os responsáveis da administração norte-americana "vão começar a trabalhar no resto da agenda Trump, e é precisamente nisso que os investidores estão interessados", afirmou à Reuters Alan Lancz, da firma de investimentos Alan B. Lancz & Associates.
Na terça-feira, quando se percebeu que dificilmente Trump iria conseguir ver a reforma do Obamacare aprovada, os índices accionistas em Wall Street desceram mais de 1%, na queda mais acentuada desde a tomada de posse de Trump. Muitos analistas perspectivaram que poderíamos estar no início de uma correcção acentuada em Wall Street, o que até gora não se confirma.
Até porque os dados económicos e empresariais têm sido positivos. "A economia e os resultados têm estado a melhorar desde antes das eleições. Se quiserem desvalorizar o S&P 500 em 300 pontos por causa desta votação, eu e outros estaremos cá para comprar", disse à Reuters Paul Zemsky, CIO da Voya Investment Management.