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Bolsas dos EUA podem perder impulso com reabertura da economia

Em retrospetiva, era uma aposta certeira de que, quando os americanos presos em casa recebessem cheques de estímulo de 600 dólares em janeiro, investiriam grande parte no mercado acionista.

O início do ano está a ser marcado por         um crescimento das ordens sobre ações e títulos de dívida.
Lucas Jackson/Reuters
21 de Março de 2021 às 15:00
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Mas, com a abertura gradual da economia, o cálculo é menos simples desta vez, com 410 mil milhões de dólares depositados em contas bancárias em todo o país. Naquela altura, investidores amadores de pijama e trabalhadores entediados que não precisavam do dinheiro impulsionaram as contas de corretoras e o rali das bolsas nos Estados Unidos.

Agora, dados sugerem que os americanos vacinados saem do confinamento dispostos a gastar com bilhetes de avião em vez de ações de companhias aéreas. Os analistas de Wall Street já perceberam a tendência. As previsões de que os chamados day traders despejariam dinheiro no mercado transformaram-se em projeções de aumento dos gastos no retalho.

"Com a proliferação de vacinas e a economia a começar a abrir, especialmente à medida que entramos no verão, essas mesmas pessoas que fazem parte do público especulativo ativo têm muito mais probabilidade de se afastar dos ecrãs e usar o dinheiro poupado - seja estímulo ou não – para sair e fazer atividades pela primeira vez num ano", disse Julian Emanuel, estrategista-chefe de ações e derivados da BTIG.

Apetite por viagens

Se o investidor de retalho - que representa agora 23% de todas as negociações de ações nos Estados Unidos, de acordo com a Bloomberg Intelligence - se distanciar, players que apostam na subida perderão um dos aliados mais confiáveis do ano passado. A ameaça não passou despercebida pela Robinhood Markets. A corretora online que se expandiu com a multidão do retalho está a oferecer bónus para clientes que investam nas suas contas na próxima semana e meia.

 

Mas crescem os sinais de que os gastos aumentaram em serviços que estavam em grande parte indisponíveis quando os anteriores apoios chegaram. As pesquisas no "Google Voos" atingiram um pico de 100 na escala de popularidade na semana passada, de acordo com o rastreador do Google Trends. Pesquisas relacionadas com viagens já eram populares antes da notícia de sexta-feira de que os americanos começariam a receber pagamentos de estímulo e aumentaram com o envio de 242 mil milhões de dólares pelo Tesouro na última semana.

Para se ter uma ideia da procura reprimida por viagens: nos seis anos anteriores à pandemia, a quantidade total de transações de voos liquidada pela ARC, que gere vendas de companhias aéreas a agências de viagens, foi em média de 90 mil milhões de dólares por ano. Em 2020, esse total caiu para 23 mil milhões e está apenas nos 2,8 mil milhões até fevereiro deste ano.

Analistas como Peter Tchir, chefe de estratégia macro da Academy Securities, questionam se a última ronda de estímulos acabará por atingir a bolsa, que já está a descontar a sua chegada iminente.

No entanto, nem todos estão convencidos do apetite por férias. Uma pesquisa do Bank of America Global Research mostrou que 53% das pessoas que ganham menos de 30 mil dólares por ano planeiam poupar, investir ou usar o dinheiro extra para pagar dívidas.

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