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Bolsa grega perde mais de 9% em dois dias
Os receios de que a Fed esteja prestes a diminuir os estímulos monetários e a decisão do BCE em não avançar com novas medidas de estímulo estão a travar a confiança investidores. A bolsa grega tem sido das que mais se ressentiu e só entre ontem e hoje já perdeu 9,34%.
O principal índice grego encerrou esta terça-feira a perder 4,55% para 3.304,70 pontos. Já esta segunda-feira o ASE/FTSE tinha encerrado a depreciar 4,79%. Nos dois dias, o índice grego perdeu 9,34% e desde que começou o ano acumula uma regressão de 2,1%.
A contribuir para este desempenho estão as últimas decisões de alguns dos principais bancos centrais, que parecem estar a travar os estímulos económicos e a adoptar uma postura mais cautelosa.
Esta terça-feira, o Banco do Japão manteve inalterada a sua política monetária, frustrando as expectativas dos investidores em torno de mais estímulos por parte da autoridade monetária japonesa.
Na última semana o Banco Central Europeu (BCE) decidiu também não alterar a sua política monetária, não avançando com novas medidas de estímulo.
Em Maio, Ben Bernake, presidente da Fed, deixou em aberto a possibilidade de uma diminuição dos estímulos monetários da entidade. Já depois, o presidente da Reserva Federal de São Francisco, John Williams, afirmou que os legisladores norte-americanos poderão começar a reduzir a compra de obrigações no Verão e, potencialmente acabar com a expansão monetária até ao final do ano.
As posições das três entidades têm aumentado os receios entre os investidores, principalmente com o Verão a aproximar-se e a expectativa em relação aos próximos movimentos da Fed. Assim, tal como as entidades monetárias, os investidores mostram-se mais cautelosos.
A contribuir para a perda de hoje do índice grego estiveram as declarações de Jean-Claude Juncker, ex-presidente do Eurogrupo, que reconheceu os erros cometidos no regaste à Grécia, poucos dias depois do Fundo Monetário Internacional ter divulgado um relatório com a avaliação ao primeiro resgate do país helénico. O documento reconhece várias falhas na implementação do programa de assistência, nomeadamente o facto de, em condições normais, a Grécia não cumprir a condição central para receber assistência financeira de Washington.
Também o facto de o Executivo liderado por Antonis Samaras não ter concretizado o processo de privatização da empresa de gás natural DEPA e, no seguimento, pedir aos credores internacionais um alívio das metas para as privatizações em 2013 travou os investidores.
O mercado de dívida grego tem acompanhado também a tendência europeia, que nos últimos dias tem registado uma subida das “yields” no mercado secundário, numa altura em que os investidores estão a diminuir a sua exposição devido ao receio de alteração das políticas monetárias.
Esta terça-feira a “yield” das obrigações gregas a 10 anos está a subir 66,1 pontos base para 10,219%. A tendência também se verifica nos restantes países periféricos. Em Itália, a “yield” das obrigações a 10 anos sobe 13,6 pontos para 4,428%. Na Espanha, a taxa de juro a 10 anos avança 13 pontos para 4,726% e em Portugal sobe 38,6 pontos para 6,605%, o valor mais elevado desde 26 de Fevereiro.