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Bolsa de Lisboa vive melhor ano desde 2017. CTT quase duplicam de valor

A operadora teve o melhor desempenho anual entre as cotadas do PSI-20, num ano em que 13 empresas registaram ganhos. Também o retalho e a banca brilharam, enquanto as energéticas pesaram no índice.

REUTERS
31 de Dezembro de 2021 às 13:20
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A bolsa de Lisboa fechou 2021 com uma valorização de 13,7%, naquele que é o melhor desempenho anual desde 2017 e seguindo-se a um ano passado no vermelho. Os ganhos alinham com a tendência positiva por toda a Europa, alimentada pelos estímulos monetários e orçamentais em vigor para combater o impacto da pandemia. Os CTT foram a estrela do PSI-20, enquanto as energéticas pesaram no índice de referência nacional.

Apesar de a sessão ter sido "flat" (o índice recuou 0,04%), o PSI-20 fecha o ano com saldo positivo, nos 5.569,48 pontos. "Os ganhos do PSI-20, relacionam-se com as empresas que compõem o índice e obviamente com a conjuntura internacional", explica António Seladas, fundador e analista de ações da AS Independent Research. "Sendo um pequeno índice, o seu desempenho depende muito dos chamados pesos-pesados, pela positiva destaca-se Jerónimo, BCP, Sonae e CTT".

A operadora postal registou o melhor desempenho entre as cotadas que compõem o índice. Após uma sessão em que perdeu 0,11% para 4,555 euros por ação, acumula um ganho de 93,83% no ano. O desempenho marca a inversão após três anos negativos em que os títulos chegaram a negociar num mínimo histórico abaixo dos dois euros por ação.

A pandemia gerou forte pressão sobre a empresa, com a queda do correio tradicional, a acelerar com o confinamento e a exposição do banco CTT ao risco de crédito. A não renovação da concessão no final de 2020 (tendo o Estado optado pelo prolongamento por mais um ano) aumentou a incerteza.

"Em 2021, boa parte das incertezas de 2020 resolveram-se, sendo que o bom desempenho do segmento das encomendas foi já uma realidade, nomeadamente na segunda parte de 2020; o correio tradicional recupera ligeiramente de uma base muito deprimida, o potencial problema do, eventual crédito mal parado na sector bancário, não se verificou, essencialmente porque o desemprego se manteve baixo e por fim o Estado está prestes a renovar a concessão em condições que são consideradas justas", diz Seladas.

Retalho e banca em alta
Apesar dos CTT terem tido o melhor desempenho, 13 das cotadas do PSI-20 fecharam o ano no verde, com o único representante da banca e os dois do retalho a destacarem-se pela positiva. O grupo Sonae, dono da cadeia de supermercados Continente, deslizou 0,1% para 1,003 euros na sessão, mas ganhou 51,63% no total de 2021.

"A Sonae beneficiou da muito boa performance operacional do braço de retalho Sonae Mc e Worten e das várias vendas de ativos feitas em 2021, destacando os 25% vendidos da Sonae MC à CVC por um valor muito acima do que os analistas tinham na sua avaliação de Soane", explica Pedro Maruny, responsável pela equipa de gestão de ações ibéricas da BPI GA.

Já sobre a dona da cadeia Pingo Doce -- que valorizou 45,44% no ano, após ter cedido 0,9% para 20,10 euros na sessão -- "beneficiou da excelente performance operacional da Biedronka, retalhista alimentar Polaca 100% detida pela JMT e que pesa 90% da sua avaliação", diz o gestor. "Também a forte recuperação operacional da sua retalhista ARA na Colombia ajudou à performance".

No caso do BCP, o ganho anual é de 14,37%, com uma última sessão do ano a 0,14% para 0,1409 euros, sendo que o banco beneficiou da recuperação da banca europeia e da resiliência ao fim das moratórias.

Para o papel -- um setor fortemente influenciado pela subida dos preços das matérias-primas -- o ano também foi positivo, com a Altri (+8,72%), a Semapa (+30%) e Navigator (+34,11%) no verde. Foi também o caso da Nos, que valorizou 19,31% no ano em que lançou o 5G. A Ibersol, a Novabase e a Ramada ganharam 2,45%, 59,5% e 47,5% respetivamente.

Família EDP e Galp Energia pesam
Na energia, a tendência foi mista, num ano marcado pela crise energética na Europa. Enquanto a REN ganhou 7,61% e a recém-chegada à bolsa Greenvolt subiu 32,29% (desde que entrou para a bolsa já que não é cotada há um ano completo), foram os pesos pesados do setor que mais penalizaram o PSI-20. No grupo liderado por Miguel Stilwell d'Andrade, a casa-mãe EDP perdeu 6,28% para 4,832 euros e a eólica EDP Renováveis cedeu 3,95% para 21,90 euros.

"No caso do grupo EDP, importa referir que registou uma valorização bastante expressiva nos últimos dois meses de 2020, em especial da subsidiária EDPR que atingiu níveis extremos no final de 2020. No primeiros três meses de 2021, num movimento de reversão do 'momentum' das renováveis, a ação sofre uma correção voltando a negociar em níveis de outubro de 2020", lembra André Pinho.

O analista do Banco Montepio aponta assim para a possibilidade de tomada de mais-valias por parte dos acionistas e para uma trajetória de recuperação iniciada em março. Já no caso da Galp, a petrolífera tem estado "em clara underperformance face ao setor na Europa, mas devido a fatores de cariz interno".

"Os investidores não ficarem muito entusiasmados com o facto da empresa ter decidido alocar 50% do capex previsto para os próximos cinco anos na produção de energias renováveis", refere André Pinho sobre a estratégia anunciada este ano pelo novo CEO, Andy Brown.

A petrolífera desvalorizou 2,67% no ano para 8,52 euros por ação. Além destas, também a Corticeira Amorim (-2,76%) e a Mota-Engil (-6,45%) fecharam o ano no vermelho. O maior tombo foi, ainda assim, da Pharol, que desvalorizou 39,82% em 2021.

Europa recupera da pandemia
Apesar da exposição às utilities ter penalizado o PSI-20, o índice acompanhou a tendência positiva entre as principais praças europeias. "Os mercados europeus, tal como a generalidade dos mercados de ações dos países desenvolvidos, beneficiaram da conjugação de fatores positivos, nomeadamente da reabertura da atividade económica, das políticas expansionistas dos bancos centrais, das perspetivas das iniciativas públicas para a dinamização da economia – como é o caso PRR da União Europeia – e dos bons resultados das empresas", aponta Carlos Almeida, head of investments do Banco Best.

"Ao mesmo tempo, num contexto de taxa de juro baixas e subida da taxa de inflação, os investidores continuaram a procurar ativos de maior nível de risco, onde se destacaram as ações europeias, reunindo um maior interesse dos investidores locais (europeus), assim como de estrangeiros", refere.

O Stoxx 600, que agrega as maiores empresas europeias, fechou o ano a ganhar 22,32%, com três dos principais índices a superarem este desempenho. O francês CAC 40 avançou 28,85%, o holandês AEX subiu 27,75% e o italiano FTSE MIB ganhou 23%.

O alemão DAX teve um ganho mais modesto (de 15,79%) e o britânico FTSE 100 de 14,3%. Ainda assim, ambos acima de Portugal, que foi ficou apenas à frente do espanhol IBEX 35, que acumulou uma valorização de 7,93%. Já no que diz respeito aos vários setores, foi a pandemia a ditar os desempenhos.

"Em 2021, todos os setores registaram desempenhos positivos. Entre os setores com maiores ganhos, destaque para a tecnologia, banca, media e construção, onde os ganhos anuais superaram os 30%. De referir que os dois setores com maior peso no índice Stoxx 600 - saúde e industrial – apresentaram desempenhos robustos com ganhos em torno de 25%", acrescenta Carlos Almeida. Do outro lado, ficam as viagens e lazer.

(Notícia atualizada às 14:00)
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