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BES recupera de mínimos históricos e sobe mais de 19%
O Banco Espírito Santo (BES) avança, esta quarta-feira, mais de 19% a recuperar do mínimo histórico que fixou na última sessão.
As últimas sessões têm sido marcadas por uma grande volatilidade nas acções do BES, que têm oscilado entre perdas expressivas e ganhos acentuados. Esta quarta-feira, as acções estiveram já a ceder 2,37% para 0,371 euros. Contudo, o banco liderado por Vítor Bento segue agora a valorizar 19,21% para 0,453 euros, depois de ter já chegado a subir 19,74%.
Tudo isto em pouco mais de uma hora de negociação. Desde o início de Julho, o BES acumula uma desvalorização superior a 28%, penalizado pelos problemas financeiros do Grupo Espírito Santo (GES) e pela indefinição em torno da gestão do banco. Esta segunda-feira, Vítor Bento assumiu o cargo de presidente executivo do banco, substituindo Ricardo Salgado.
O título chegou a descer mais de 20% na última sessão, tendo atingido um mínimo histórico de 0,355 euros. Contudo, esta quarta-feira, está a recuperar do desempenho negativo. Até ao momento, foram já negociadas mais de 51 milhões de acções, o que supera os 31 milhões de títulos que trocaram de mãos diariamente em média nos últimos seis meses.
Este desempenho positivo regista-se um dia depois de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, ter dito, em declarações à TVI, que o BES está capitalizado, mas que se for necessário há accionistas interessados em participar num aumento de capital.
"Se algum capital adicional fosse necessário, por força de riscos que neste momento não estamos a ver, seguramente que há accionistas interessados em participar num aumento de capital do BES", afirmou o governador do Banco de Portugal.
"Os comentários do governador ajudaram a assegurar ao mercado que um ‘bail-in’ [instrumento de resgate interno que consagra a imputação de perdas aos accionistas e credores e financia a resolução através de fundos alimentados pelos bancos em função do seu perfil de risco] das obrigações provavelmente não será necessário", explicou à Bloomberg Tom Jenkins. O analista da Jefferies International acrescentou que "é um rumor de momento mas é certamente útil".
Por outro lado, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) estendeu a proibição de "short selling" (posições a descoberto) com acções do banco liderado por Vítor Bento durante a sessão desta quarta-feira.
A marcar a sessão de hoje está também o comunicado publicado pela Portugal Telecom, antes da abertura da sessão. Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a operadora confirmou que a Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo (GES), não pagou os 847 milhões de euros, de um total de 897 milhões de euros, de papel comercial detido pela operadora e cuja maturidade foi atingida esta terça-feira, 15 de Julho.
A PT explicou que vai receber da Oi a dívida que a Rioforte não pagou em contrapartida por acções da empresa brasileira. A operadora portuguesa ficará 25,6% da nova Oi, e com o direito de compra dos títulos que agora serão "trocados" por dívida da Rioforte. As duas empresas comprometem-se a "desenvolverá contra a Rioforte e partes relevantes relacionadas as vias legais e procedimentais ao seu dispor com vista a obter o reembolso da dívida da Rioforte."
Esta semana, foi anunciada a venda de um bloco de 4,99% de títulos da família Espírito Santo ao Nomura. Esta alienação decorreu na sequência de um empréstimo cedido pelo banco japonês ao Espírito Santo Financial Group que, segundo o Expresso Diário, accionou uma cláusula que lhe permitia retirar das mãos da "holding" aquela participação. As acções foram vendidas a 0,34 euros.
Neste momento, o ESFG tem uma participação de 20,1% no BES. Mas 20% dessa posição pode estar em risco, caso algumas sociedades do grupo Espírito Santo peçam protecção de credores, já que essa participação poderá ser usada para reembolsar os investidores que têm obrigações do ESFG permutáveis em acções do BES, emitidas em 2013.