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Banif sobe 23% para valer 0,1 cêntimos por acção

A reduzida cotação do banco continua a justificar fortes oscilações, num momento em que a sua venda acelerada é a hipótese em que as autoridades trabalham. A gestão, o Governo e o regulador já vieram tranquilizar os depositantes, mas não os accionistas.

Miguel Baltazar/Negócios
15 de Dezembro de 2015 às 16:42
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Instabilidade. Continua a ser assim a negociação das acções do Banif na Bolsa de Lisboa. Os títulos encerraram a sessão desta terça-feira, a subir 23,08%, depois de terem estado a cair perto de 14% no arranque do dia. 

 

A valorização das acções do banco sob o comando de Jorge Tomé (na foto), que levou os títulos a terminar o dia nos 0,1 cêntimos, segue-se à quebra superior a 40% de segunda-feira.

 

O facto de estar a cotar nas quatro casas decimais faz com que cada variação, mesmo que de 0,0001 euros (ou 0,01 cêntimos), seja sempre expressiva. Esta segunda-feira, o ganho de 23,08% representa uma subida de 0,02 cêntimos na cotação da acção face ao dia anterior. Ontem, o banco tinha fechado no valor mais baixo de sempre: 0,08 cêntimos.

 

A justificação para tão baixa cotação passa pelo momento que o banco vive na actualidade. Continua a decorrer o processo de venda da instituição, que poderá ser feita às fatias, com vários negócios alienados em separado. Contudo, a pressão diária, nomeadamente com a ida de clientes às agências, e a negociação frenética das acções têm feito com que se comece a falar num plano B: a resolução. Esta é uma hipótese que está presente para todos os bancos e que, no caso do Banif, tem sido falada com mais destaque, nomeadamente depois de a TVI ter avançado, no domingo à noite, que o banco iria fechar – algo que o Banif desmentiu de forma "categórica".

 

A hipótese de uma intervenção ao estilo de resolução afecta, em primeiro lugar, os accionistas de um banco, pelo que estes títulos representativos do capital do banco sofrem uma pressão negativa na negociação. O que tem acontecido. Aliás, o volume de acções tem sido frenético: trocaram de mãos mais de 1,6 mil milhões de acções esta terça-feira. Nas últimas quatro sessões, a fasquia dos mil milhões de títulos trocados foi sempre superada. Nos últimos seis meses, a média diária costumava situar-se em 185 milhões de acções transaccionadas. 

Banif perde 82% em 2015

Apesar da subida desta terça-feira, o Banif perde 82% desde o início do ano. O banco sob o comando de Jorge Tomé perdeu quatro quintos da sua cotação em 2015. A instituição financeira vale, aos preços de fecho de terça-feira, 115,6 milhões de euros. 

 

A transacção desta terça-feira permitiu ao banco aliviar das perdas, nomeadamente com as várias garantias por parte das autoridades – ainda que não tenham sido dirigidas aos accionistas mas mais aos depositantes.

Em entrevista à RTP Madeira, o presidente do banco, Jorge Tomé, assegurou que "os depositantes e os contribuintes podem estar descansados" dado que a instituição dispõe de "uma posição de liquidez confortável". Depois do silêncio, também o Banco de Portugal veio referir que, "em articulação com o Ministério das Finanças, está a acompanhar a situação do Banif, garantindo, como é da sua competência, a estabilidade do sistema financeiro, bem como a segurança dos depósitos". O gabinete de Mário Centeno já tinha feito o mesmo alerta, defendendo a "a plena protecção dos depositantes".

 

O banco tem de ser vendido para que a ajuda estatal recebida em 2012 não seja considerada ilegal, estando neste momento a decorrer uma investigação aprofundada por parte de Bruxelas. A instituição tem de implementar um plano de reestruturação, que continua sem ser aprovado pela Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia.

 

 

(Notícia actualizada pela última vez com mais informações pelas 17h01)

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