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Banca portuguesa perde 20% desde resgate do BES
As quedas acentuadas nos últimos dois dias elevam para 20% a queda dos títulos da banca nacional esta semana, ou seja, desde que o BES foi resgatado.
As acções do BCP, BPI e Banif continuam a afundar esta quinta-feira. Desde que o BES foi resgatado que as acções já depreciaram 20%, em causa está o modelo de resgate que foi usado. Por um lado se a alienação do Novo Banco for feita abaixo do valor injectado (4,9 mil milhões de euros) serão os bancos a terem de ser responsabilizar pelo montante em falta, e, por outro, os investidores estão a reflectir no sector financeiro europeu alguns receios de que se descubram "novos" BES, o que ditará perdas avultadas para os accionistas.
As acções do BCP estão a descer esta quinta-feira 8,39% para 8,05 cêntimos, tendo já chegado a afundar mais de 20% esta sessão. Com a queda se regista agora, o BCP acumula uma queda 20,3% esta semana, sendo que o banco liderado por Nuno Amado foi o único que ainda reagiu em alta na segunda-feira ao resgate do BES, tendo subido mais de 6%.
Já o BPI segue a perder 8% para 1,15 euros, tendo também já chegado a perder mais de 10% esta sessão. Com a queda de hoje os títulos do banco liderado por Fernando Ulrich afundam 19,8% esta semana.
Já o Banif está a cair 12,50% para 0,7 cêntimos, elevando para 20,5% a queda em quatro dias.
O anúncio do resgate do BES foi feito no domingo à noite pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e é o modelo usado que está a determinar a queda das acções da banca. O banco foi dividido em dois, o "bom" e o "mau". Os accionistas do antigo BES passaram a ser detentores do "bad bank", o que significa que, por agora, perderam tudo, ainda que possam vir a recuperar parte das perdas após a liquidação do banco mau e consequente venda de activos.
Já o Novo Banco ficou com os depósitos e créditos bons do banco. Esta instituição vai receber uma injecção de 4,9 mil milhões de euros. Sendo que o bolo maior será injectado a partir do fundo de recapitalização da banca, constituído no âmbito do resgate financeiro. Mas o Estado empresta dinheiro ao fundo de resolução da banca e será o fundo a capitalizar o Novo Banco. O que significa que são os bancos os responsáveis por este empréstimo. Caso o banco liderado por Vítor Bento seja alienado por um valor inferior a 4,9 mil milhões serão os bancos a pagarem o remanescente. E, de acordo com uma análise do BPI, quanto mais depressa for vendido maior será a probabilidade dos bancos perderem dinheiro.