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Allianz GI: EUA vão entrar em recessão em 2020

Neil Dwane, responsável global pela estratégia da Allianz GI, argumenta que os mercados acionistas ainda não estão a antecipar este cenário, ao contrário do que acontece nas obrigações.

30 de Outubro de 2019 às 13:41
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A economia norte-americana aparenta, para já, estar de boa saúde. Mesmo com a economia a crescer e os principais indicadores em território positivo, Neil Dwane argumenta que há bandeiras vermelhas que já antecipam o inevitável: os EUA vão entrar em recessão em 2020. E, na opinião do estratego global da Allianz Global Investors, não há nada que a Reserva Federal dos EUA possa fazer para evitar este cenário.

"Estou mais preocupado com a economia global do que estava há um ano", aponta Neil Dwane, num encontro com jornalistas em Lisboa. O estratego global da gestora de ativos alemã aponta várias ameaças ao crescimento mundial, a começar pela guerra comercial, que está a evidenciar os primeiros efeitos na economia norte-americana.

De acordo com o mesmo especialista, pela primeira vez desde a crise financeira há oito indicadores de recessão que estão a soar nos EUA. "É altamente provável que os EUA entrem em recessão em 2020", destaca Neil Dwane. Um cenário que, para o especialista, não está ainda descontado nos mercados.

Ao contrário do mercado da dívida, onde a inversão da curva de rendimentos já está a soar o alarme em relação a uma recessão nos EUA, nas bolsas mundiais estes riscos estão a ser ignorados pelos investidores. "Os EUA estão a negociar próximos de recordes", com os investidores a antecipar um crescimento dos resultados. Algo que, para Dwane, poderá não acontecer. "Os investidores estão a pagar um rácio de 17 vezes os lucros nos EUA, um crescimento que poderá não acontecer", alerta.

Cortes não chegam

Consciente dos riscos que pairam sobre a economia, a Reserva Federal dos EUA (Fed) deverá cortar esta quarta-feira as taxas de juro pela terceira vez desde julho. Uma tentativa para manter a economia a crescer. Para Neil Dwane, a questão é se os cortes vão evitar a recessão. E na sua opinião, "mesmo que cortem os juros para zero, não vai fazer diferença nenhuma". Ou seja, "é uma questão de tempo" até o PIB dos EUA começar a contrair.

Mas quando os responsáveis da Fed, que agora estão divididos quanto ao rumo da política monetária, perceberem que a economia está a começar a contrair "vão cortar os juros de forma agressiva e fazer ‘quantitive easing’ e nesse momento os mercados vão entrar em pânico".

Para já a política monetária expansionista e o maior otimismo em torno de um acordo comercial entre os EUA e a China deverá manter os mercados suportados. Em relação à possibilidade de realmente haver um acordo, Neil Dwane argumenta que não há forma de voltar atrás no tempo e o que poderá haver será um "acordo parcial" entre os dois países, sendo certo que os EUA não vão abdicar das suas reivindicações no setor tecnológico.

Reino Unido refém do acordo

Outro dos riscos políticos que vai permanecer é o Brexit. Com a saída da União Europeia mais uma vez adiada e eleições no Reino Unido marcadas para dezembro, o estratego diz que o "pior cenário seria não haver uma maioria no parlamento", que possa viabilizar uma solução para o Brexit.

"O atraso no Brexit está a matar a economia. O consumo e o investimento estão a cair e isso tem consequências para a Europa", alerta. Além de impedir a região de resolver os seus problemas internos, esta quebra no consumo vai também refletir-se na procura de bens e serviços europeus.

Dito isto, Neil Dwane vê o Reino Unido como um bom destino de investimento, para beneficiar com a desvalorização dos ativos, mas tendo sempre em conta que a volatilidade será grande.

Fora do Reino Unido, a dívida de empresas nos EUA, a Ásia e as ações europeias são os locais onde o responsável global pela estratégia da Allianz GI identifica melhores oportunidades, para fugir ao ambiente de retornos extremamente baixos.

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