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Ainda é altura de tomar risco? JPMorgan acredita que sim
O "bull market" já vai longo e os bancos centrais sinalizam a retirada das medidas não-convencionais. Mas a JPMorgan Asset Management defende que ainda se vai a tempo de investir em activos de maior risco.
A Reserva Federal já está no processo de reduzir o balanço. É o sinal de que os bancos centrais estão a caminhar em direcção à retirada das medidas sem precedentes tomadas nos últimos anos. "É um episódio único na História financeira e um desafio extraordinário tanto para os bancos centrais como para os investidores", considerou John Bilton, responsável global de estratégia multi-activos da JPMorgan Asset Management (AM), num encontro com jornalistas. Mas considera que ainda é altura de assumir risco.
Apesar da tarefa sensível e nunca feita no passado de retirar as medidas não-convencionais, o responsável da gestora está optimista. "A inflação está contida e isso dá margem aos bancos centrais para fazerem a normalização", refere. E antecipa que o caminho para normalização será "longo, gradual e estável". Apesar de a Fed estar já a reduzir o balanço, John Bilton apenas antecipa que o balanço agregado dos maiores bancos centrais mundiais comece a diminuir a partir de 2019. E a um ritmo bem lento. Um cenário que ajudará a evitar "um grande evento de ‘sell off’ e um grande impacto nas taxas das obrigações".
John Bilton acrescenta que, apesar de a expansão económica já durar há oito anos, estando numa fase tardia do ciclo que obriga os bancos centrais a normalizar, ainda tem margem para continuar. "Tudo combinado, é um bom ambiente para tomar risco", defende. John Bilton ressalva, no entanto, que é necessário estar-se diversificado.
Entre as classes de activos em que o responsável da gestora está mais optimista é nas acções. Isto apesar da discussão sobre se as bolsas dão ou não sinais de estarem sobreavaliadas. "Sim, estão caras. Mas a questão não é se estão caras mas o que pretendo para o meu portefólio. Se comprar com um horizonte temporal de dez anos, claro que se tem de ter em conta a avaliação que é um grande componente do desempenho. Mas, se comprar para um a três anos, os resultados interessam muito mais que a avaliação", argumenta.
E, do ponto de vista dos resultados, as perspectivas são positivas. "Quando o mundo cresce, as acções tendem a subir. E os lucros estão a melhorar", observa.
Europa vista a crescer. Mas atenção ao euro
Os gestores da JPMorgan AM especializados em acções europeias e americanas aparentam concordar com a perspectiva. "As empresas europeias estão a apresentar lucros menores que há dez anos. Mas a maioria dos sectores não tem nenhum motivo estrutural para não regressar ao mesmo nível de resultados em que já estiveram", refere Jon Ingram, um dos gestores do JPMorgan Europe Dynamic Fund. Acrescenta que "pode demorar alguns anos e requer mais inflação. Mas esse crescimento vai acontecer". E relembra que a recuperação na Europa iniciou-se numa altura mais tardia que noutras geografias.
Mas existem riscos. Sendo que um dos maiores seria uma apreciação do euro. Rajesh Tanna, gestor do JPMorgan Europe Select Equity Fund, antecipa que mesmo com as subidas da moeda única nos últimos meses, "o crescimento dos lucros continue no próximo ano", com a melhoria da economia global a apoiar. Mas salienta que, se o euro apreciar para 1,30 ou 1,40 dólares, as empresas europeias teriam dificuldades em compensar o efeito cambial.
Quando o "bull market" é odiado
Se há mercado em que os investidores possam questionar a avaliação é o americano. Susan Bao, gestora de acções americanas, considera mesmo que "este é um dos ‘bull markets’ mais odiados da História". O motivo: "porque muitas pessoas o falharam, já que esperavam por uma correcção e um melhor ponto de entrada". Susan Bao reconhece que as acções americanas "já não são baratas". Mas diz que, a menos que exista uma recessão, cenário que não vislumbra para os próximos tempos, o "bull market" não irá morrer. "O crescimento dos lucros continua a guiar o mercado para subidas mesmo sem a expansão dos múltiplos de avaliação", explica. E prevê que o crescimento dos lucros por acção no S&P 500 acelere, em 2018, para 14%, face aos 9% previstos para este ano.