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9 semanas, 4 tendências: Acções emergentes em montanha-russa

Em 2000, foi a Europa. Em 2011, os EUA. E este ano pode muito bem ser a vez dos mercados emergentes.

10 de Março de 2018 às 20:00
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De vez em quando, o ano chega e leva os mercados accionistas a dar uma volta de montanha-russa. As tendências do mercado mudam com tanta frequência que os alvos de investimento das gestoras de activos, convincentes no início do ano, parecem desactualizados ao fim do primeiro trimestre.

 

Decorridos dois meses, parece que 2018 será um ano desse tipo para as acções dos países em desenvolvimento. Houve quatro tendências distintas nas últimas nove semanas e não há indicações de qual subgrupo ou mercado nacional poderá ter um desempenho superior ao dos seus pares.

 

O MSCI Emerging Markets Index registou o melhor início de ano desde 2012. O rácio médio preço/lucro das cotadas que integram este índice superou um múltiplo de 13 pela primeira vez em oito anos. No geral, revelou sintonia com o que a maioria dos gestores de activos e analistas tinha previsto para este ano no que diz respeito aos países em desenvolvimento: um novo período de desempenho superior ao dos mercados desenvolvidos.

 

Esses mesmos intervenientes do mercado estimaram que o indicador avançaria cerca de 10% até o fim do ano – limiar que, a 26 de Janeiro, já tinha sido atingido. Embora a projecção dos optimistas para o fim do ano ainda possa ser válida, as quedas subsequentes deram a mesma credibilidade aos pessimistas, que alegaram que o movimento de escalada que teve início em em Janeiro de 2016 foi longe demais e pode perder força.

 

Esses mesmos pessimistas referiram como principais motores para essa tendência a possibilidade de a Reserva Federal norte-americana elevar as taxas de juro mais rapidamente do que o previsto e a força associada ao dólar norte-americano.

 

Nas duas primeiras semanas de Fevereiro, os pessimistas estiveram em vantagem. Tanto que o índice dos mercados emergentes eliminou todos os ganhos do ano. Os traders de opções sucumbiram à pressão, e a volatilidade esperada para as acções duplicou.

 

Apesar de a oscilação ter sido bastante antecipada - até mesmo bem recebida - pelos optimistas, o factor preocupante foi que aqueles com melhor desempenho na primeira fase acabaram por ser os piores na segunda.

 

As acções chinesas listadas em Hong Kong lideraram a escalada inicial do ano, mas representaram o maior peso durante a queda. As oscilações, para um lado e para o outro, da Tencent Holdings e do Alibaba Group basicamente resumiram o dilema dos investidores.

 

As acções asiáticas registam agora um desempenho inferior às da região EMEA [Europa, Médio Oriente e África] e às da América Latina e são o único grupo que caiu no acumulado do ano.

 

Na China, as acções sofreram uma forte queda devido à preocupação em relação ao aperto das condições financeiras, à guerra comercial iminente com os EUA e à desaceleração da economia. Na Índia, foi a decepção com os bancos estatais, que estão sobrecarregados com crédito malparado e por um escândalo de dois mil milhões de dólares que está a abalar o Parlamento.

 

Enquanto isso, as acções da Rússia, da África do Sul e da Turquia estão em alta. Os investidores normalmente migram para esses mercados quando a turbulência política dá uma trégua, muitas vezes auto-imposta pelos governos, e fogem ao primeiro sinal de problemas. A volatilidade extra deste ano serviu apenas para os deixar ainda mais imprevisíveis. A América Latina deixou todos para trás até o momento. Mas, entre as eleições iminentes e os tweets de Donald Trump, é bem provável que os próximos meses sejam bem diferentes para mercados como Brasil e México.

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