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IMF – Bancos centrais provocaram mais agitação

Suíça surpreendeu ao subir taxas antes do BCE; Fed e BCE condicionaram o euro; Petróleo e ouro foram penalizados por dólar mais alto

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| SNB antecipa BCE e sobe taxas pela 1ª vez desde 2007. Franco "dispara"

A última semana ficou marcada por vários movimentos no que toca a bancos centrais. Um deles, e talvez o mais surpreendente, recaiu no Banco Central da Suíça (SNB), que contra todas as expetativas subiu a sua taxa de juro diretora. A referência sofreu um acréscimo de 50 pontos base, para -0,25%, sendo este o primeiro incremento em 15 anos. Este movimento é relevante, visto que a instituição é historicamente cautelosa no que toca à sua política monetária, optando sempre por proteger o franco contra valorizações excessivas. Não obstante, nem mesmo a economia suíça tem sido capaz de escapar ao impacto da subida dos preços, levando o SNB a subir a taxa de forma a evitar que a inflação se alastre de forma mais generalizada para os bens e serviços do país.

A nível técnico, o Eur/Chf apresenta uma clara tendência de queda desde 2018, transacionando dentro de um canal descendente. Recentemente, o par ainda testou mais do que uma vez o nível dos 1,05 francos, mas sem sucesso na quebra. De momento, espera-se uma descida até à paridade o no curto-prazo.

| Fed, BCE e outros bancos centrais causaram agitação nos mercados

A última semana foi extremamente atribulada para os mercados financeiros a nível mundial. De facto, tanto ocorreu nos últimos dias que será impossível descrever na sua totalidade. O grande destaque passou pela atuação dos bancos centrais. Começando em território norte-americano, a FED subiu a sua taxa de juro de referência em 75 pontos base, para um intervalo entre 1,50% e 1,75% – conforme o esperado. Este foi o maior incremento em mais de 25 anos e surge como uma medida para combater a subida da inflação, com os membros do Comité a revelarem que os preços elevados estão a condicionar a confiança dos consumidores. O "dot plot" – o mapa que demonstra as intenções de cada membro sobre a evolução das taxas de juro – aponta para uma subida de 50 pb em cada uma das restantes reuniões do ano, o que a confirmar-se levaria a taxa diretora para um intervalo de 3,50% a 3,75%. A instituição cortou ainda as projeções de crescimento do PIB para este ano para 1,7%, face aos 2,8% esperados anteriormente. Já para a inflação, as projeções foram revistas em alta para este ano, de 4,3% para 5,2%. Na europa, o BCE realizou uma reunião "surpresa" na quarta-feira, para debater a turbulência presente nos mercados obrigacionistas devido ao aumento dos custos dos empréstimos para algumas nações da Zona Euro, tendo a instituição decidido adquirir dívida de forma mais flexível e acelerar a implementação de um novo instrumento "anti-fragmentação".

O Eur/Usd teve uma semana bastante volátil, chegando mesmo a recuar para níveis abaixo dos $1,04. Não obstante, o nível de suporte dos $1,0350 acabou por resistir e originar um ressalto que ultrapassou os $1.06. As perspetivas para o par encontram-se um pouco ambíguas. Não obstante, e apesar da robustez apresentada até ao momento pelo suporte dos $1,0350, o tom bearish ainda permanece, principalmente tendo em consideração a tendência de queda que apresenta no longo prazo (desde o segundo trimestre de 2021).

| Deterioração das perspetivas económicas penalizaram o petróleo

O petróleo regressou às perdas na semana passada. Esta foi assim a primeira queda semanal em mais de um mês, quer para o Brent londrino como para o Crude nova-iorquino, acompanhando o movimento dos mercados acionistas, à medida que os receios de recessão aumentam. Isto acontece como resultado das ações tomadas por diversos bancos centrais, que subiram as taxas de juro e apresentaram projeções macroeconómicas mais negativas, o que leva os investidores e analistas a equacionarem qual será o impacto destas na procura pelo ouro negro. De facto, os movimentos recentes da matéria-prima têm resultado mais de fatores externos do que intrínsecos. Ainda assim, destaque para o facto que o governo dos EUA ter revelado estar a tentar "ressuscitar" um acordo nuclear com o Irão, mas que continuará a utilizar sanções para limitar as exportações de petróleo, produtos petrolíferos, e petroquímicos do Irão. Os analistas estimam que um acordo e o consequente levantamento das sanções ao sector energético iraniano poderia somar até 1 milhão de barris de petróleo por dia aos mercados globais, o que colocaria ainda mais pressão nos preços.

A nível técnico, o crude não conseguiu quebrar de forma significativa o nível dos $120 em alta, acabando por corrigir em baixa. De momento o ouro negro aproxima-se do nível dos $110, que poderá oferecer suporte. Não obstante, uma descida até aos $100 nas próximas semanas também aparenta ser possível.

| Ouro fechou semana no "vermelho"

O ouro teve mais uma semana com saldo negativo, condicionado por um dólar mais forte e pela postura mais hawkish apresentada por alguns dos principais bancos centrais, nomeadamente a FED, de forma a combater a inflação, apresar de um aumento dos receios de recessão. Estes movimentos acabaram por impulsionar o dólar, retirando alguma atratividade ao estatuto de ativo de refúgio do ouro.

O ouro apresenta uma perspetiva relativamente neutra para o curto-prazo, estando a lateralizar acima dos $1800 e estando tudo a apontar para que assim continue nas próximas semanas.

As análises técnicas aqui publicadas não pretendem, em caso algum, constituir aconselhamento ou uma recomendação de compra e venda de instrumentos financeiros, pelo que os analistas e o Jornal de Negócios não podem ser responsáveis por eventuais perdas ou danos que possam resultar do uso dessas informações. Caso pretenda ver esclarecida alguma dúvida acerca da Análise Técnica, por favor contactar a IMF ou o Jornal de Negócios.
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