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Trabalho remoto: vantagens, riscos e desafios

Arménio Rego e Miguel Pina e Cunha foram os professores convidados a partilhar o que já se sabe e se aprendeu sobre a experiência massiva de trabalho remoto a que temos estado sujeitos

É um dos temas mais debatidos na actualidade, não só pela força das circunstâncias mas, e em particular, no que respeita à sua possível adopção por muitas organizações no período que se seguirá ao desejado fim da pandemia. Mas é também terreno fértil para muitas interrogações, tanto por parte das empresas como dos próprios trabalhadores e não é possível chegar a um consenso generalizado no que respeita aos seus prós e contras, na medida em que existe um conjunto de variáveis que pode ditar o seu sucesso ou insucesso. Arménio Rego e Miguel Pina e Cunha foram os professores convidados a reflectir e a partilhar o que já se sabe e se aprendeu com esta nova forma de trabalhar, mas ambos concordam que é arriscado antecipar, com precisão, o que vai acontecer no futuro próximo.

Discutir os desafios do trabalho remoto, as suas vantagens e desvantagens e, em particular, a sua adopção ou não pelas organizações no pós-pandemia foi o mote para as intervenções dos professores Arménio Rego, da Católica Porto Business School, e Miguel Pina e Cunha, da Nova SBE, no âmbito de um conjunto de conferências temáticas que o núcleo do Porto da ACEGE está a organizar para ajudar a pensar o futuro pós-Covid.

Tema de investigação actual para ambos os professores, e de interesse geral para todos aqueles – líderes ou liderados – que passaram a trabalhar neste modelo por via das circunstâncias impostas pela pandemia, o teletrabalho não reúne consenso generalizado no que respeita aos seus prós e contras e tendo em conta os dados já existentes, fruto de variadas pesquisas que têm sido feitas sobre os mesmos, em particular ao longo dos últimos meses. Como afirma Arménio Rego, "há resultados para todos os gostos", mas ambos os professores concordam num ponto essencial: apesar do que indicam muitas das tendências actuais, é arriscado antecipar com precisão o que vai acontecer [no período pós-pandemia] e, tal como sugere Miguel Pina e Cunha, nestes casos o melhor é seguir o exemplo de Peter Drucker, que afirmava que, sendo tão difícil prever o futuro, era antes preferível prever o passado. Ambos os professores concordam no que de essencial é possível apurar, para já, em termos de vantagens e desvantagens desta (semi) nova forma de trabalhar, mas as suas apresentações, sendo complementares, serão aqui apresentadas de forma individual.

Arménio Rego: "O trabalho nas instalações das organizações facilita a expressão da empatia, encoraja a confiança e promove o capital social, realidades que não podem ser descuradas ou perdidas na impossibilidade de uma realidade laboral presencial"

Começando por tecer algumas considerações gerais sobre a temática, o director do LEAD.lab da Católica Porto Business School considera fundamental que se compreenda que os desafios do trabalho remoto em tempo de pandemia não serão equivalentes aos desafios do trabalho remoto em tempos ditos normais. Ou seja e como afirma, "aquilo que estamos a fazer e que temos experimentado até agora não é necessariamente transponível para aquilo que possamos vir a experimentar mais tarde". Por outro lado, há que ter igualmente em conta que os desafios inerentes ao teletrabalho diferem de acordo com o regime implementado por cada organização – para todos, só para alguns ou em modo híbrido – e que, tal como sublinha, "as pessoas, como nós, que discutem o teletrabalho são aquelas que têm possibilidades de o realizar, de exercer funções compagináveis com o mesmo, sendo fundamental não esquecer que há uma percentagem muito significativa de outras que não o podem fazer".

Como já referido anteriormente, Arménio Rego não partilha de "todas as certezas sobre aquilo que vai acontecer" e alerta para a possibilidade de "aquilo que temos hoje por garantido, pode não o ser amanhã", sendo por isso importante que "planeemos, mas que estejamos disponíveis para improvisar, testar metodologias de estímulos, fórmulas e preparados para depois fazermos a adaptação necessária".

Afirmando que, e naturalmente, o teletrabalho tem vantagens para a sociedade, para os trabalhadores e colaboradores, é nos benefícios que eventualmente tem para as empresas que, e no âmbito desta conferência, se prefere concentrar. Como afirma, um deles é o facto de o trabalho remoto permitir a contratação de pessoas à escala global, a par das empresas poderem incorrer em menores custos com as instalações, sendo igualmente provável que o engagement dos trabalhadores se desenvolva ou seja promovido, designadamente por via da flexibilidade geográfica e da flexibilidade temporal que daqui possa surgir. Apesar da existência de vários outros pontos a favor deste modelo laboral, estes são, para o professor da Católica Porto Business School, os que mais importam sublinhar.

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