Notícia
"O amor é o critério de liderança mais exigente"
Quando se confronta a liderança empresarial com a força transformadora da palavra amor , percebe-se que nada fica igual .
08 de Junho de 2012 às 13:50
É por esse motivo que a temática do 5º Congresso da ACEGE traduz “um encontro improvável, mas essencial”. Como sublinhou António Pinto Leite, num “tempo raro de mudanças, em que ninguém com responsabilidades pode ficar de fora”, todos os portugueses são chamados a participar. E a todos o Primeiro-ministro agradece, perante uma plateia lotada, pelo “sacrifício extraordinário que vêm fazendo, não só para afirmar o seu amor ao próximo, mas também o seu amor à pátria”
O confronto entre amor e empresa pode parecer irrealista ou inoperacional. Mas quando tomado como critério de gestão tem uma definição muito concreta: “significa tratarmos os outros como gostaríamos de ser tratados, se estivéssemos no lugar deles”. Trabalhando para uma economia mais competitiva e uma sociedade mais justa. Para o presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores, não é possível “ponderar um critério mais simples ou operacional para o discernimento ético empresarial”.
Dedicando uma palavra “muito especial”, na Sessão de Abertura do 5º Congresso Nacional da ACEGE, a Pedro Passos Coelho - que em conjunto com o Cardeal Patriarca de Lisboa, integrou o Painel que marcou o arranque do evento, no dia 1 de Junho -, António Pinto Leite sublinhou que este é um confronto inevitável, “na economia como na política”.
Ao Primeiro-ministro, Pinto Leite revelou-se “certo de que logo que haja evidência sem retorno de que Portugal cumpre e cumprirá os seus compromissos, financeiros e estruturais, os nossos parceiros internacionais saberão, por sua própria iniciativa, aliviar a carga a que o contrato celebrado pelo Estado sujeita o povo português”. E deixou uma mensagem de esperança: se não for essa a decisão dos nossos parceiros internacionais, “diga-lhes, da parte dos líderes empresariais que aqui estão, que somos um povo nobre e uma nação valente e que sozinhos daremos a volta por cima”.
Preparar o país para o crescimento
Nas palavras de Pedro Passos Coelho, um dos desafios maiores que se colocam a Portugal é precisamente “o de conciliar a vida económica com os valores fundamentais que nos definem”. Reconhecendo a dedicação da ACEGE “a essa reflexão e à sua concretização”, o Primeiro-ministro reconhece também que vencer este desafio “é uma tarefa política de primeira ordem”, no sentido em que, sem a mobilização da comunidade política, “ficará sempre aquém dos seus objectivos”.
A elevação do crescimento económico “a valor político fundamental” visa abrir possibilidades que “vão além” da indispensável satisfação das necessidades de consumo, do alívio da pobreza, da geração de emprego ou até da garantia da sustentabilidade do Estado Social, diz Passos Coelho. Possibilidades que significam estruturar uma sociedade mais livre, com mais conhecimento e uma “expectativa razoável, e natural a todos os homens e mulheres, de que os seus filhos viverão melhor do que eles”, conclui.
É assim que “o sentido do Programa de reformas estruturais que está a ser levado a cabo pelo Governo no mercado laboral, no licenciamento, no mercado de arrendamento, na energia, nos transportes, na justiça, na educação e no ensino profissional, na concorrência, na Administração Central e Local, na diversificação das fontes de financiamento das empresas, não é outro senão este: preparar o país para o crescimento e para a expansão das possibilidades de vida de todos”, explica Pedro Passos Coelho.
E se estas reformas obedecem a um propósito de revigorar as nossas estruturas económicas, acrescenta, elas têm de atender também “a uma estrutura invisível, feita de valores como a confiança, a liberdade, a responsabilidade, a solidariedade, o trabalho, o respeito ou o mérito”. Nesta perspectiva, “a agenda de transformação tem de ser levada a cabo na fidelidade a estes valores”, sem os quais “não chegaríamos a ter verdadeiras reformas”.
O Primeiro-ministro garante que Portugal “está muito mais próximo do caminho do crescimento”, e para que assim seja, não se pode “abrandar o ritmo das mudanças que estamos a introduzir”.
A propósito, Passos Coelho avançou ter assumido, numa reunião com a Troika, a prioridade de acelerar o ritmo de execução das reformas estruturais: "antes mesmo de me dirigir para este congresso, tive a ocasião de confrontar, pela quarta vez, o conjunto de reformas que vêm sendo executadas, em interacção com a Troika. Da mesma forma que a insistência do lado da Troika aponta para não abrandar o ritmo de execução das nossas reformas estruturais, o Governo assume que não só é prioritário acelerá-las, como sobretudo mobilizar cada vez mais os portugueses para o desígnio dessas transformações", disse.
Num momento como o que vivemos, “os empresários e gestores têm ainda uma outra responsabilidade: a de se assumirem como agentes decisivos da recuperação e da modernização do país”. Perante a assembleia de participantes neste Congresso dos empresários e gestores cristãos, o Primeiro-ministro faz questão de deixar a “confirmação do pacto de confiança que propus a todos os inovadores e empreendedores do nosso País”.
Aos portugueses em geral, agradece, pelo “ sacrifício extraordinário que todos, de um modo geral, têm demonstrado, não apenas para afirmar o seu amor ao próximo, mas também o seu amor à pátria”.
O amor não é um intruso, mas um aliado
Como seria, pois, a sociedade portuguesa se fossemos capaz de pôr em prática o desafio que este Congresso enuncia? Se todos fossemos ‘empresários do amor’? “A dignidade humana apareceria em todo o seu esplendor”, acredita Dom José Policarpo. Que, não obstante, ajuíza para a necessidade de “purificar a palavra amor”, esse conceito que “é discernimento dos caminhos”, e que vive tão próximo da “luta pela verdade e pela justiça”.
Considerando que “é sempre possível construir o Homem em comunhão”, o Cardeal Patriarca de Lisboa recorda que “há mais coisas positivas no País do que supomos: há muita gente generosa disposta a servir mais do que a ser servido”.
Colocar na construção do Bem Comum o foco das prioridades, ”sobre o interesse de todos”, é um desafio que “cada um resolve à medida da visão que tem do seu papel na sociedade”. Mas apesar de essa construção ir crescendo (“sinto isso”, diz Dom Policarpo), “é ainda muito agredida, não tenhamos ilusões”, conclui.
Neste contexto, é necessária uma “revolução cultural” onde a noção de justiça “é sempre equidade”. Nessa revolução, as empresas podem e devem ser comunidades, que “não desistem de semear”.
Como sublinha António Pinto Leite, “a primeira obra que temos para entregar ao bem comum é a sustentabilidade das nossas organizações, enquanto tal. O que implica muitas vezes fazer escolhas dilacerantes e tomar decisões difíceis”.
Defendendo “a força transformadora da palavra amor dita no mundo dos negócios”, o presidente da ACEGE explica que a Associação “fala de amor para tornar a economia mais competitiva e a sociedade mais justa: as empresas são elas e a sua própria circunstância, são comunidades expostas à concorrência, à incerteza e ao risco. O amor como critério de gestão não é incompatível com a exigência própria das empresas. É o critério de liderança mais exigente que conheço , para o próprio líder e para os outros. Não tenhamos medo das perguntas que ele fará”.
Clique aqui e leia o discurso integral de António Pinto Leite na sessão de Abertura do 5º Congresso Nacional da ACEGE
O confronto entre amor e empresa pode parecer irrealista ou inoperacional. Mas quando tomado como critério de gestão tem uma definição muito concreta: “significa tratarmos os outros como gostaríamos de ser tratados, se estivéssemos no lugar deles”. Trabalhando para uma economia mais competitiva e uma sociedade mais justa. Para o presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores, não é possível “ponderar um critério mais simples ou operacional para o discernimento ético empresarial”.
Ao Primeiro-ministro, Pinto Leite revelou-se “certo de que logo que haja evidência sem retorno de que Portugal cumpre e cumprirá os seus compromissos, financeiros e estruturais, os nossos parceiros internacionais saberão, por sua própria iniciativa, aliviar a carga a que o contrato celebrado pelo Estado sujeita o povo português”. E deixou uma mensagem de esperança: se não for essa a decisão dos nossos parceiros internacionais, “diga-lhes, da parte dos líderes empresariais que aqui estão, que somos um povo nobre e uma nação valente e que sozinhos daremos a volta por cima”.
Preparar o país para o crescimento
Nas palavras de Pedro Passos Coelho, um dos desafios maiores que se colocam a Portugal é precisamente “o de conciliar a vida económica com os valores fundamentais que nos definem”. Reconhecendo a dedicação da ACEGE “a essa reflexão e à sua concretização”, o Primeiro-ministro reconhece também que vencer este desafio “é uma tarefa política de primeira ordem”, no sentido em que, sem a mobilização da comunidade política, “ficará sempre aquém dos seus objectivos”.
A elevação do crescimento económico “a valor político fundamental” visa abrir possibilidades que “vão além” da indispensável satisfação das necessidades de consumo, do alívio da pobreza, da geração de emprego ou até da garantia da sustentabilidade do Estado Social, diz Passos Coelho. Possibilidades que significam estruturar uma sociedade mais livre, com mais conhecimento e uma “expectativa razoável, e natural a todos os homens e mulheres, de que os seus filhos viverão melhor do que eles”, conclui.
É assim que “o sentido do Programa de reformas estruturais que está a ser levado a cabo pelo Governo no mercado laboral, no licenciamento, no mercado de arrendamento, na energia, nos transportes, na justiça, na educação e no ensino profissional, na concorrência, na Administração Central e Local, na diversificação das fontes de financiamento das empresas, não é outro senão este: preparar o país para o crescimento e para a expansão das possibilidades de vida de todos”, explica Pedro Passos Coelho.
E se estas reformas obedecem a um propósito de revigorar as nossas estruturas económicas, acrescenta, elas têm de atender também “a uma estrutura invisível, feita de valores como a confiança, a liberdade, a responsabilidade, a solidariedade, o trabalho, o respeito ou o mérito”. Nesta perspectiva, “a agenda de transformação tem de ser levada a cabo na fidelidade a estes valores”, sem os quais “não chegaríamos a ter verdadeiras reformas”.
O Primeiro-ministro garante que Portugal “está muito mais próximo do caminho do crescimento”, e para que assim seja, não se pode “abrandar o ritmo das mudanças que estamos a introduzir”.
A propósito, Passos Coelho avançou ter assumido, numa reunião com a Troika, a prioridade de acelerar o ritmo de execução das reformas estruturais: "antes mesmo de me dirigir para este congresso, tive a ocasião de confrontar, pela quarta vez, o conjunto de reformas que vêm sendo executadas, em interacção com a Troika. Da mesma forma que a insistência do lado da Troika aponta para não abrandar o ritmo de execução das nossas reformas estruturais, o Governo assume que não só é prioritário acelerá-las, como sobretudo mobilizar cada vez mais os portugueses para o desígnio dessas transformações", disse.
Num momento como o que vivemos, “os empresários e gestores têm ainda uma outra responsabilidade: a de se assumirem como agentes decisivos da recuperação e da modernização do país”. Perante a assembleia de participantes neste Congresso dos empresários e gestores cristãos, o Primeiro-ministro faz questão de deixar a “confirmação do pacto de confiança que propus a todos os inovadores e empreendedores do nosso País”.
Aos portugueses em geral, agradece, pelo “ sacrifício extraordinário que todos, de um modo geral, têm demonstrado, não apenas para afirmar o seu amor ao próximo, mas também o seu amor à pátria”.
O amor não é um intruso, mas um aliado
Como seria, pois, a sociedade portuguesa se fossemos capaz de pôr em prática o desafio que este Congresso enuncia? Se todos fossemos ‘empresários do amor’? “A dignidade humana apareceria em todo o seu esplendor”, acredita Dom José Policarpo. Que, não obstante, ajuíza para a necessidade de “purificar a palavra amor”, esse conceito que “é discernimento dos caminhos”, e que vive tão próximo da “luta pela verdade e pela justiça”.
Considerando que “é sempre possível construir o Homem em comunhão”, o Cardeal Patriarca de Lisboa recorda que “há mais coisas positivas no País do que supomos: há muita gente generosa disposta a servir mais do que a ser servido”.
Colocar na construção do Bem Comum o foco das prioridades, ”sobre o interesse de todos”, é um desafio que “cada um resolve à medida da visão que tem do seu papel na sociedade”. Mas apesar de essa construção ir crescendo (“sinto isso”, diz Dom Policarpo), “é ainda muito agredida, não tenhamos ilusões”, conclui.
Neste contexto, é necessária uma “revolução cultural” onde a noção de justiça “é sempre equidade”. Nessa revolução, as empresas podem e devem ser comunidades, que “não desistem de semear”.
Como sublinha António Pinto Leite, “a primeira obra que temos para entregar ao bem comum é a sustentabilidade das nossas organizações, enquanto tal. O que implica muitas vezes fazer escolhas dilacerantes e tomar decisões difíceis”.
Defendendo “a força transformadora da palavra amor dita no mundo dos negócios”, o presidente da ACEGE explica que a Associação “fala de amor para tornar a economia mais competitiva e a sociedade mais justa: as empresas são elas e a sua própria circunstância, são comunidades expostas à concorrência, à incerteza e ao risco. O amor como critério de gestão não é incompatível com a exigência própria das empresas. É o critério de liderança mais exigente que conheço , para o próprio líder e para os outros. Não tenhamos medo das perguntas que ele fará”.
Clique aqui e leia o discurso integral de António Pinto Leite na sessão de Abertura do 5º Congresso Nacional da ACEGE