Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Lisboa ancorada numa geografia relacional

Um estudo lançado esta semana pela Fundação Calouste Gulbenkian sobre o potencial geoeconómico estratégico da macrorregião de Lisboa confirma que esta constitui “um dos motores essenciais do crescimento, da modernização e da internacionalização do país”. Mas dita que, numa lógica de “geografia relacional”, existem hoje “dinâmicas muito positivas” entre as várias regiões de Portugal, que exigem “um discurso de inteligência, ancorado na complementaridade, e não na concorrência”

29 de Fevereiro de 2016 às 21:30
  • ...

A Fundação Calouste Gulbenkian apresentou, esta terça-feira, o estudo "Uma Metrópole para o Atlântico", o qual traça um diagnóstico do potencial de inovação, empreendedorismo e capacidade empresarial do Arco Metropolitano de Lisboa (que compreende as zonas da Grande Lisboa, núcleo central, e quatro eixos radiais de desenvolvimento: um a litoral, até Leiria; outro que acompanha o vale do Tejo; outro em direcção a Évora; e um eixo para Sul, unindo a península de Setúbal e o Alentejo litoral), para a internacionalização de Portugal.


O estudo, realizado em 2015 no âmbito da Iniciativa Gulbenkian Cidades – que promove o debate público sobre o papel das cidades na economia global, entendido num conceito alargado de "regiões urbanas funcionais" -, foi desenvolvido em colaboração com a Universidade de Lisboa, a Universidade Nova de Lisboa, a Universidade Católica Portuguesa, a Universidade de Évora, o ISCTE-IUL, os Institutos Politécnicos de Lisboa, Leiria, Santarém, Setúbal e Tomar, e com uma equipa da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em parceria com a Direcção Municipal de Economia e Inovação da Câmara Municipal de Lisboa, que contribuiu com zoomssobre alguns sectores estratégicos no município.

O vasto trabalho de investigação, que culminou num documento de mais de 600 páginas agora lançado em livro, foi apresentado em primeira mão numa conferência que reuniu responsáveis de algumas das faculdades parceiras com o presidente da Gulbenkian, Artur Santos Silva, José Manuel Félix Ribeiro, da Iniciativa Cidades, Teresa Lima, da Informa D&B (responsável pelo levantamento e tratamento de informação estatística de caracterização dos sectores de especialização e das empresas desta macrorregião), e representantes de empresas tecnológicas, da Rockefeller Foundation e da Câmara Municipal de Lisboa, incluindo Fernando Medina, que esteve presente na abertura do evento.

Depois de um primeiro estudo que a Gulbenkian dedicou, em 2014, à macrorregião do Noroeste, abrangendo as regiões de Aveiro, Braga, Guimarães e Porto ("Noroeste Global), o novo trabalho lançado pela Fundação visa reconhecer a macrorregião urbana de Lisboa como uma "das que mais pode contribuir para a capacidade de afirmação e atractividade do país na era da globalização e da economia do conhecimento".

Segundo os autores do estudo – que retrata Portugal a partir de "novos processos" de desenvolvimento que vão muito além da "imagem macroeconómica ou política" pré-estabelecida – apesar de não ter uma "existência formal" nem "limites precisos", a ‘região funcional’ do Arco Metropolitano de Lisboa constitui "um sistema cada vez mais interactivo e interdependente relativamente a instituições, pessoas, empresas e lugares", e corresponde a "um dos motores essenciais do crescimento, da modernização e da internacionalização do país".

No contexto europeu, nomeadamente, "Lisboa, pela sua história, posição geográfica e potencial económico e científico, organiza uma metrópole que a transcende e que, tendo uma ambição global, tem uma projecção inquestionavelmente atlântica", concluem os coordenadores do projecto – José Manuel Félix Ribeiro, Francisca Moura e Joana Chorincas, todos da Iniciativa Gulbenkian Cidades -, justificando assim o título deste extenso trabalho de investigação compilado em livro.

Dinâmicas demográficas têm implicações económicas e sociais


25022016_Lisboa
Evoluir progressivamente da geografia de stocks para a dos antagonismos, desta para a geografia dos ecossistemas de inovação e, finalmente, da geografia de assimetrias para a relacional. É com estes três propósitos que Teresa Sá Marques, Professora Associada e directora do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) retrata, na apresentação que fez na conferência de apresentação do livro "Uma Metrópole para o Atlântico", os resultados da equipa que coordenou, responsável pela redacção dos capítulos relativos ao território, demografia e emprego e análise de redes de inovação económica.


Sublinhando que as duas macrorregiões já analisadas pela iniciativa da Gulbenkian – Noroeste e Arco Metropolitano de Lisboa – concentram cerca de 75% da população, "em apenas" um terço do território (respectivamente, 12,1% e 24% da superfície total), do qual saem quase 90% das exportações nacionais, a geógrafa defende que as mesmas representam "juntas, muito peso na economia do país", assumindo "uma grande responsabilidade" face à "perspectiva de ancorar todo o projecto futuro que o país tem. Tratando-se de duas áreas metropolitanas "diversificadas, são sobretudo complementares", enfatiza: "não estão em concorrência, e devem trabalhar por um país melhor".


Para continuar a ler o artigo clique aqui

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio