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Competitividade: o copo meio cheio ou meio vazio?
Apesar de ter registado uma quebra de dois lugares no Índice de Competitividade Global face ao ano transacto, ocupando agora a 38ª posição em 140 economias, Portugal tem vindo a fazer um esforço notável de recuperação. Esta é a apreciação global dos resultados revelados na passada quarta-feira, na AESE, onde se sublinhou que se a avaliação for feita a dois anos, o país subiu 13 lugares, entre 2013 e 2015. Todavia, e no balanço entre bons e maus resultados, a competitividade nacional tem ainda um longo caminho a percorrer, pelo menos até conseguir voltar aos níveis de 2002, ano em que ocupava a 23ª posição no ranking elaborado pelo Fórum Económico Mundial
Portugal registou uma quebra de dois lugares no ranking da competitividade, posicionando-se em 38º lugar (em 140 países) no índice elaborado anualmente pelo Fórum Económico Mundial (FEM) desde 2005, e que teve lançamento simultâneo em todo o mundo na passada quarta-feira. Os resultados para Portugal do Global Competitiveness Report 2015-16 foram anunciados na AESE Business School e contaram com a presença de Ilídio Serôdio, presidente da Associação para o Desenvolvimento da Engenharia (Proforum) e de Luís Filipe Pereira, presidente do Fórum de Administradores de Empresas (FAE), as duas instituições interlocutoras do FEM no nosso país.
Depois da apresentação dos resultados, a AESE promoveu um debate que, para além dos dois nomes acima apresentados, contou ainda com a presença de Jorge Ribeirinho Machado, professor na AESE Business School, tendo fechado com o secretário de Estado-adjunto da Economia, Leonardo Mathias. Ainda antes do inicio do debate, António Brochado Correia, partner da PwC Portugal apresentou também uma análise dos 12 pilares que compõem este índice – nos quais são integrados 114 indicadores – sumarizando os principais resultados a nível global e particularizando os melhores e piores resultados atingidos por Portugal.
A presente edição do Índice de Competitividade Global (GCI, na sigla em inglês) analisou os pontos fortes e fragilidades de 1404economias, numa altura em que e segundo o FEM, "o desenvolvimento económico é caracterizado por um ‘novo normal’ com desemprego elevado, crescimento lento na produtividade e crescimento moderado na própria economia", o qual poderá ainda descarrilar face às tensões geopolíticas, às crises humanitárias e ao caminho futuro percorrido pelos mercados emergentes, que têm vindo a registar uma queda acentuada.
De salientar ainda que este Índice, para além da utilização de dados estatísticos provenientes de várias fontes credíveis (com um peso no mesmo de cerca de 1/3), conta também com uma análise qualitativa (2/3) resultante das opiniões de cerca de 14 mil líderes de negócios inquiridos anualmente (em Portugal, foram inquiridos 190 empresários entre Março e Maio deste ano, a cargo do FAE), o que lhe confere uma dupla realidade, objectiva em termos quantitativos, mas com algum teor de subjectividade.
"Queda de duas posições é um acerto técnico"
Quem o afirma é Ilídio Serôdio na análise que faz da competitividade nacional em 2015, depois de Portugal ter registado uma subida mais do que significativa em 2014 – do 51º lugar passou para 36º – e de ter estado em quebra permanente entre o período de 2006 e 2013 (com excepção para o ano de 2011, em que subiu um tímido degrau). Apesar de o nível de competitividade estar ainda bem longe da 23ª posição obtida em 2002, o presidente da Proforum desvaloriza esta descida de dois lugares face ao ano transacto, optando por fazer uma avaliação a dois anos, o que significa que, em média, o país galgou 13 patamares entre 2013 e 2015.
Para explicar esta "queda ligeira", Ilídio Serôdio socorreu-se ainda do facto de duas economias europeias – a República Checa (31º) e a Lituânia (36º) – terem tido uma performance significativa, em conjunto com a de outros países que também apresentaram melhorias no seu desempenho. Dado que o ranking estabelece também uma pontuação entre 1 e 7 e se Portugal obteve, em 2014, 4,54 pontos, o resultado deste ano – 4,52 – "representa apenas uma quebra de 0,02 pontos", acrescentou. A pontuação nacional equivale a 79% da alcançada pela Suíça, que lidera indisputavelmente o ranking da competitividade há sete anos.
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